Rebeldes deixam Slaviansk, símbolo do levante pró-russo na Ucrânia

Cidade está sendo vasculhada pelo Exército da Ucrânia.
Termina neste sábado prazo para rodada entre o governo e separatistas


Do G1, em São Paulo

A maior parte dos rebeldes entrincheirados há três meses em Slaviansk, símbolo do levante pró-russo contra Kiev, deixou a cidade na madrugada deste sábado (5), após o cerco feito na sexta-feira (4) pelas forças ucranianas, informou o ministro do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov.

O ministro da Defesa, Valeri Gueletei, e o chefe do Estado-Maior, o general Viktor Muzhenko, anunciaram que a bandeira nacional ucraniana foi hasteada na prefeitura de Slaviansk.

"Antes do amanhecer, os serviços de informação disseram que Guirkin (Igor Strelkov) e grande parte dos combatentes fugiram de Slaviansk, semeando a confusão entre os poucos que permanecem", escreveu Avakov em seu perfil do Facebook.

A Ucrânia garante que Strelkov é um coronel do serviço de informação militar russo conhecido como Departamento Central de Inteligência (GRU), embora tanto o próprio Strelkov quanto Moscou neguem este vínculo.

A administração do presidente ucraniano, Petro Poroshenko, confirmou a rendição de Slaviansk e informou que a cidade está sendo vasculhada por unidades de reconhecimento ucranianas. "O presidente ordenou ao chefe do Estado-Maior que hasteasse a bandeira estatal sobre a Prefeitura de Slaviansk", diz um comunicado da Administração presidencial.

Viktor Muzhenko, que participou da tomada da cidade de Nikolayevka, próxima a Slaviansk, reportou a Poroshenko que "os guerrilheiros tentaram romper o cerco durante a madrugada, mas foram surpreendidos por disparos de morteiros dos militares ucranianos".

No entanto, várias testemunhas citadas pela imprensa ucraniana garantiram que os insurgentes romperam o suposto cerco à cidade durante a madrugada e se transferiram para a vizinha Kramatorsk com quase todos seus efetivos e cerca de 50 veículos e blindados.

O ministro do Interior e outras fontes que testemunharam o recuo dos separatistas relataram que pelo menos uma unidade dos rebeldes se dirigiu para a cidade de Donetsk.

Do lado dos rebeldes, o "vice-primeiro-ministro" da autoproclamada república popular de Donetsk, Andrei Pruguin, declarou à AFP que não podia confirmar ou desmentir o abandono de Slaviansk.

"É plausível. A cidade está praticamente vazia e os bombardeios prosseguem", acrescentou.

Já o prefeito de Slaviansk, Vladimir Pavlenko, nomeado pelos rebeldes, confirmou à AFP que os insurgentes pró-russos saíram da cidade, mas afirmou que as forças ucranianas ainda não entraram nela. "Os combatentes (separatistas pró-russos) se foram. O exército ucraniano ainda não está em Slaviansk. Não há autoridades na cidade", declarou Pavlenko por telefone.

Os combates pelo domínio de Slaviansk não foram interrompidos por quase dois meses, mesmo durante o cessar-fogo unilateral decretado por Kiev, entre os dias 20 de junho e 1º de julho.

As forças ucranianas expulsaram os separatistas de Nikolayevka, última rota de abastecimento dos milicianos entrincheirados em Slaviansk, na qual permanecem ainda cerca de 45 mil de seus 120 mil moradores.

Por outro lado, termina neste sábado o prazo estipulado por Kiev, Moscou, Paris e Berlim para a realização de uma nova rodada de consultas entre o governo ucraniano e os separatistas que poderia levar a um novo cessar-fogo no leste da Ucrânia.

Poroshenko ofereceu aos insurgentes que a rodada de consultas aconteça neste sábado e ficou à espera que outros membros do chamado grupo de contato (Ucrânia, Rússia, OSCE e os separatistas) confirmem a hora e o local da reunião.

O presidente ucraniano se dispôs a negociar com os rebeldes e, inclusive, a declarar o fim das hostilidades com três condições: o cumprimento por parte dos rebeldes do que for acordado, a libertação de todos os presos e o estabelecimento do controle sobre a fronteira russo-ucraniana, com a cooperação da Rússia e sob a supervisão da OSCE.

Em uma aparente mudança de rumo, Poroshenko já não exige a rendição total dos separatistas como única condição para encerrar a operação militar contra os insurgentes nas regiões de Donetsk e Lugansk, conforme estabeleceu em seu plano de paz apresentado no mês de junho.

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