Separatistas criticam Putin

Ou a Rússia manda tropas, ou Kiev vence.


Área Militar


Os grupos de separatistas de origem russa que desde há meses têm vindo a controlar alguns pontos estratégicos em duas regiões do leste da Ucrânia têm vindo a demonstrar o seu cada vez maior preocupação com a evolução da situação da auto-proclamada republica de Donetsk.

Vários dirigentes da auto-proclamada república popular de Donbass ou da República de Donetsk já vieram dizer que estão desiludidos com o facto de a Russia não estar a ajudar de forma convincente os «combatentes pela liberdade».

Em declarações à imprensa, Oleg Tsariov, um dos dirigentes separatistas, chegou ao ponto de dizer que as tropas de Donbass não passavam de grupos de menores de idade apoiados por criminosos de delito comum que vieram da Rússia.

Tsariov reconheceu assim, que centenas de membros de grupos ligados ao crime organizado tanto na Rússia como na Chechénia, são os principais operacionais dos grupos separatistas que ainda acreditam na República separatista.

Os ataques e insultos contra Putin, chegaram ao ponto de Tsariov chegar a dizer que espera que o que o governo de Kiev dizia de Putin, não seja afinal verdade.

Também Pavel Gubarev, o auto proclamado governador da Republica Popular de Donetsk se mostrou incomodado com a inatividade da Russia, país de que os separatistas esperavam um apoio maciço. Não são precisos apenas tanques, drones e mísseis anti-aéreos. São precisos homens para lutar contra os fascistas de Kiev.

As críticas contra Vladimir Putin ameaçam aumentar, à medida que a pressão da comunicação social russa se depara com a inevitável ressaca resultado da gigantesca campanha de desinformação patrocinada pelo Kremlin.

A percentagem de russos que apoiou a intervenção na Crimeia começou a descer e neste momento a intervenção na Ucrânia já só é apoiada por 27% dos russos, ao mesmo tempo que 66% se opõem de forma veemente.

Os setores mais extremistas na Rússia começam a encontrar dificuldades e o continuo envio de apoio para os separatistas já não pode passar sem uma intervenção direta.

Exército ucrâniano já não é o mesmo

Analistas militares também afirmam que as tropas ucranianas, que durante os últimos meses mostraram uma grande dificuldade em lidar com uma convulsão nacional que afetou profundamente as suas fileiras parecem ter voltado a mostrar alguma coesão.

A forma profissional com que foi tomado o eixo Sloviansk-Kramatorsk, onde o apoio aos separatistas era mais evidente, foi uma prova disso.

As forças rebeldes literalmente fugiram perante a ofensiva militar ucraniana, abandonando material russo em grandes quantidades.

Embora os grupos de combatentes russos tenham anunciado que se reuniram em Donetsk, a verdade é que nessa cidade existe proporcionalmente menos apoio para os grupos separatistas russos que em Sloviansk ou Kramatorsk.

Extremistas russos ainda estão na ofensiva

Embora o governo russo não esteja a apoiar os grupos separatistas russos com armamento ou com a pressão nas fronteiras, a verdade é que continuam a existir na Rússia muitos movimentos que não estão dentro do controlo do governo e que estão na disponibilidade de continuar a apoiar os ativistas pro-russos na Ucrânia.

Esses grupos serão no entanto incapazes de controlar território embora possam continuar a negar ao exército ucraniano o controlo total e absoluto de todas as áreas do país.

Imagem de Putin em perigo e desastre financeiro na Crimeia, impedem ações russas

Confirma-se também alguma queda na popularidade de Vladimir Putin, ao mesmo tempo que pessoas ligadas a setores mais extremistas na Rússia como o politologo Alexandr Dugin, conhecido por defender posições próximas do fascismo continuarem a advogar a intervenção guerreira e indiretamente a criticar Putin pela sua não atuação.

No entanto, Putin já terá neste momento acesso a relatórios sobre as reais capacidades do exército russo e acima de tudo sobre a situação na Crimeia, que ameaça tornar-se um gigantesco sorvedouro de dinheiro para os cofres russos.

Na Crimeia nada parece funcionar, as pensões (aposentadoria) continuam sendo pagas em moeda ucraniana ou então em rublos, mas com uma taxa de conversão que faz com que as pensões tenham na realidade baixado e o turismo não conseguiu atrair os milhares de visitantes vindos da Rússia, que acabaram por viajar para Espanha, Itália ou Grécia.

A somar a estes problemas, Putin tem ainda que se confrontar com a ameaça velada de ainda mais sanções. Se inicialmente as sanções lançadas pelas democracias contra a Rússia pareciam ser inúteis, os próprios russos já reconheceram que estão a ter consequências muito sérias para a economia russa.


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