Tecnologia é desafio para área de defesa

Especialistas destacaram a importância de recursos para produtos estratégicos


Jornal da Câmara

Especialistas e deputados apontaram a soberania sobre a vasta costa litorânea brasileira e a capacidade de desenvolver produtos de alto valor tecnológico como desafios para a Política Nacional de Defesa. O tema foi debatido em audiência promovida pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, a pedido dos deputados Carlos Zarattini (PT--SP) e Nelson Pellegrino (PT-BA).

O chefe da seção de Planejamento, Integração e Controle do Departamento de Ciência e Tecnologia Industrial do Ministério da Defesa, coronel Álvaro Koji Imai, falou sobre o desenvolvimento do submarino nuclear, considerado “elemento vital” tanto para o poder de dissuasão militar quanto para a economia civil. “Para o Brasil, não interessa comprar o equipamento pronto, é importante ter a capacidade produtiva para poder garantir a prontidão das forças. O desenvolvimento da nossa base industrial de defesa vai gerar o desenvolvimento do País”, disse Koji. Segundo o coordenador-geral do Programa de Submarinos, almirante Gilberto Max Roffé Hirschfeld, o projeto abrange a construção de cinco submarinos – entre eles, um de propulsão nuclear. O desenvolvimento do submarino nuclear é fruto de parceria entre a França e o Brasil.

O almirante destacou que o projeto foi elaborado por especialistas brasileiros, com características que o diferenciam do modelo francês, como a extensão – 100 metros de comprimento. O projeto reúne cerca de 300 profissionais em Itaguaí (RJ), e “contribui para gerar cerca de 8 mil empregos e para preservar a fauna marítima, com a retirada do aterro contaminado”, afirmou Hirschfeld.

Míssil - Para o brigadeiro-do-ar José Augusto Crepaldi, a parceria entre a África do Sul e o Brasil no desenvolvimento do míssil A-Darter pode ajudar o País a superar as deficiências tecnológicas em armamentos. “O projeto prevê o custeio pelo Brasil de apenas ¼ do custo total, mas vamos ter acesso às tecnologias envolvidas e, principalmente, vamos reproduzir a produção desse míssil no Brasil, que é o grande objetivo.”




O deputado Nelson Pellegrino ressaltou a necessidade de canalizar recursos para projetos prioritários de defesa, como é o caso do Veículo Lançador de Satélites (VLS). “O Brasil precisa dominar a tecnologia de fazer lançamentos com êxito. Quando dominarmos essa tecnologia, nós iremos discutir quais os tipos de satélites, qual a tonelagem. O Brasil está prestes a dominar essa tecnologia, que poucos países detêm. Nós podemos trabalhar para determinar os recursos necessários ao projeto”, afirmou o deputado.

Política nacional para tecnologias sensíveis


Durante a audiência, o deputado Emanuel Fernandes (PSDB--SP) ressaltou a importância de o Brasil criar uma política voltada às tecnologias sensíveis – de natureza civil ou militar, que muitos países preferem manter em sigilo por razões de segurança. A maior clareza sobre as tecnologias sensíveis também foi defendida pelo coronel Álvaro Koji Imai. Ele lembrou que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação já realiza iniciativas nesse setor, reunindo especialistas estrangeiros e brasileiros, a fim de pesquisar áreas como Amazônia, aeronáutica e saúde.

O deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ) questionou os especialistas sobre a possibilidade de reverter os produtos de defesa nacional para o uso dual – entre o setor militar e o civil ou exclusivamente civil. O almirante-de--esquadra Max Roffé Hirschfeld disse que o desenvolvimento da tecnologia dual “é o maior objetivo”. Ele ressaltou que a Embraer é o terceiro fabricante mundial de jatos comerciais.


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