Rússia diz que Otan forçará mudança de doutrina militar

Segundo conselheiro do Kremlin, medida é resultado da deterioração das relações. Deslocados na Ucrânia passam de um milhão


O Globo
com agências internacionais

MOSCOU — A Rússia deve alterar a sua doutrina militar, como resultado da crise na Ucrânia e a presença crescente da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Europa Oriental, informou um alto funcionário do governo russo. O vice-secretário do Conselho de Segurança Nacional, Mikhail Popov, afirmou que a deterioração das relações com os Estados Unidos e com a aliança seria refletida na estratégia militar a ser adotada por Moscou.

— A ação planejada da Otan é uma prova do desejo de líderes dos EUA e da Otan para continuar a sua política de agravar as tensões com a Rússia — afirmou Popov.

Segundo o conselheiro do Kremlin, há informações sobre uma aproximação da infraestrutura militar dos Estados membros da Otan pelas fronteiras russas, o que representa “ameaças externas” para o país. No entanto, ele não deu detalhes sobre como a doutrina pode mudar.

A Otan anunciou na segunda-feira seus planos de aumentar a presença na Europa Oriental para proteger os membros da aliança. Os planos da organização preveem a implantação de uma força de resposta rápida, composta de tropas fornecidas pelos Estados membros. O objetivo seria defender os países de uma possível agressão russa.

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen insistiu que os planos não violariam o acordo de 1997 entre a aliança e a Rússia, que proíbe a presença de bases permanentes na Europa Central e Oriental. As novas medidas estão previstas para serem aprovadas em uma cúpula da Otan no País de Gales nesta semana.

Também nesta terça-feira, o ministro das Relações Exteriores italiano, Federica Mogherini, eleito em Bruxelas como o novo Alto Representante para a Política Externa e de Segurança da União Europeia, informou que na quarta-feira estarão prontas novas sanções contra Moscou, em resposta à intervenção militar na Ucrânia. O novo pacote de sanções deverá ser aprovado na sexta-feira.

AUMENTA NÚMERO DE DESLOCADOS

Como resultado do conflito, mais de um milhão de pessoas foram forçadas a sair de casa, incluindo 814 mil ucranianos que estão agora na Rússia em diferentes condições, informou o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), nesta terça-feira.

O número de desalojados dentro da Ucrânia devido ao conflito quase dobrou nas últimas três semanas para ao menos 260 mil, e há mais pessoas fugindo, disse um pouco antes a agência da ONU a repórteres em Genebra.

— É seguro dizer que há agora mais de um milhão de pessoas desalojadas como resultado do conflito, interna e externamente, em conjunto — disse Vincent Cochetel, diretor do Acnur para a Europa. — Quero dizer, 260 mil na Ucrânia, uma estimativa por baixo, 814 mil na Rússia, e então você acrescenta o restante na Bielorrússia, Moldávia, União Europeia.

CONFRONTOS NO LESTE

Violentos confrontos entre forças do governo e separatistas deixaram 15 soldados ucranianos mortos nas últimas 24 horas no conflito no Leste do país, anunciou o porta-voz militar em Kiev, Andrii Lysenko.

— Quinze militares morreram e 49 ficaram feridos em 24 horas — declarou Lysenko em uma entrevista coletiva.

Os combates afetam o Sudeste da região de Donetsk, perto das localidades de Komsomolske, Vasylivka e Rozdolne, onde há combatentes rebeldes e tropas do exército russo, segundo fontes da operação militar ucraniana. Kiev e os países ocidentais acusam a Rússia de ter enviado tropas ao leste da Ucrânia: mais de mil soldados segundo a Otan e 1.600 de acordo com a Ucrânia. No entanto, Moscou nega as acusações.

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