Lavrov explicou por que militares russos estão na Síria

Presença de militares russos na Síria tem a ver com fornecimento de armas ao exército sírio, disse o chanceler russo, Sergei Lavrov, na quinta-feira (10).


Sputnik

Mais cedo nesta quinta, o jornal russo Kommersant comunicou que Moscou fornece armas de fogo, lançadores de granadas e veículos blindados às forças do governo sírio para apoiar o país na luta contra a organização terrorista Estado Islâmico (EI, proibida na Rússia).


Sergei Lavrov, ministro de Relações Exteriores da Rússia
Sergei Lavrov © Sputnik/ Vladimir Astapkovich

“Nós apoiamos e continuamos apoiando o governo sírio no equipamento do exército sírio com todo o necessário para prevenir na Síria o roteiro líbio e outros acontecimentos dolorosos que tiveram lugar na região por causa da obsessão dos nossos parceiros ocidentais com as ideias de alterar os regimes indesejáveis”, declarou Sergei Lavrov em uma coletiva de imprensa, acrescentando que a Rússia ajuda não só a Síria, mas também o Iraque e outros países do Oriente Médio.


Entretanto, o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov disse que a Rússia está fornecendo ajuda ao exército sírio, porque a Síria acredita que isto é a única força capaz de enfrentar o Estado Islâmico.

Na quarta-feira (9), a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, ressaltou que especialistas militares russos deslocados na Síria não participam de operações militares no país e só exercem uma "função consultiva".

As declarações feitas pelos Estados Unidos em relação ao apoio da Rússia ao presidente sírio Bashar Assad está alegadamente fortalece o EI é um grande erro, destacou Lavrov:


"[O secretário de Estado norte-americano, John Kerry] também fez uma sugestão estranha dizendo que o apoio de Bashar Assad na luta antiterrorista só fortalece as posições do EI, porque patrocinadores do EI irão fornecer mais armas, dinheiro e tudo o necessário a esta organização, para cumprir os seus planos sinistros”.

Além disso, Lavrov expressou a certeza de que “é possível coordenar todos os atores desta região nesta frente com a condição de recusar-se a duplos padrões e basear-se no direito internacional com o papel central do Conselho da Segurança e a ONU”. “Estamos despostos a isso”, reiterou o chanceler russo.

Yevgeny Satanovsky, presidente do Instituto do Médio Oriente, centro científico independente russo, comentou a situação à Sputnik.

O especialista destacou que, primeiramente, não há nenhuma decisão vinculativa do Conselho da Segurança que proíbe o fornecimento das armas ao regime de Assad.

“Nem a China, nem a Rússia, ensinadas pela experiência amarga da Líbia (sem mencionar a Jugoslávia), não seguirão cegamente Washington e Bruxelas. Este tempo já é passado. Caso contrário, os próximos países que serão pressionados se tornarão a Rússia e a chamada China”, opina o cientista.

Yevgeny Satanovsky considera que se Assad tiver sistemas da defesa antiaérea, não será possível o bombardear como fizeram com Kadhafi.

A guerra civil na Síria se estende desde 2011 e já causou a morte de mais de 230 mil pessoas, segundo os dados da ONU. O governo sírio luta contra vários grupos rebeldes e organizações militares, incluindo a Frente al-Nusra e o Estado Islâmico. No entanto, o Ocidente não quer considerar o presidente da Síria, Bashar Assad, como um aliado na luta contra o grupo terrorista.

O grupo terrorista Estado Islâmico, anteriormente designado por Estado Islâmico do Iraque e do Levante, inicialmente operava principalmente na Síria, onde seus militantes lutaram contra as forças do governo. Posteriormente, aproveitando o descontentamento dos sunitas iraquianos com as políticas de Bagdá, o Estado Islâmico lançou um ataque maciço em províncias do norte e noroeste do Iraque e ocupou um vasto território. No final de junho de 2014, o grupo anunciou a criação de um "califado islâmico" nos territórios sob seu controle no Iraque e na Síria.

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