Rússia denuncia deterioração da trégua na Síria e culpa EUA

Foram registrados mais de 50 ataques contra forças sírias e civis.
'Doze civis, entre eles duas crianças, morreram', disse general russo.


France Presse

A Rússia denunciou neste sábado a deterioração da trégua na Síria, onde foram registrados nas últimas 24 horas mais de 50 ataques contra forças sírias e civis, e responsabilizou os Estados Unidos pelo possível fracasso do cessar-fogo, em vigor há cinco dias.


Socorrista carrega na sexta-feira (16) criança que moreu após ataque aéreo em área controlada pelos rebeldes na cidade de Maaret al-Numan, na província de Idlib, na Síria (Foto: Khalil Ashawi/Reuters)
Socorrista carrega na sexta-feira (16) criança que moreu após ataque aéreo em área controlada pelos rebeldes na cidade de Maaret al-Numan, na província de Idlib, na Síria (Foto: Khalil Ashawi/Reuters)


"A situação na Síria se deteriora", afirmou o general russo Vladimir Savchenko em uma videoconferência com o Estado-Maior russo.

"Nas últimas 24 horas, o aumento de ataques cresceu fortemente", com 55 ataques contra posições do governo e contra civis, acrescentou, acusando os rebeldes de "aproveitar a trégua para se reagrupar e se reabastecer com munições e armamento".

"Doze civis, entre eles duas crianças, morreram e mais de 40 pessoas ficaram feridas", afirmou.

A Rússia acusou novamente os Estados Unidos de não cumprir seus compromissos no âmbito do acordo de cessar-fogo na Síria, anunciado por Moscou e Washington em 9 de setembro em Genebra.

"Se a parte americana não tomar medidas apropriadas para cumprir com seus compromissos como parte do acordo (...), serão totalmente responsáveis pelo fracasso do cessar-fogo em território sírio", afirmou o general Viktor Poznikhir, do Estado-Maior russo, em uma coletiva de imprensa.

Em terra, a noite de sexta-feira e a manhã deste sábado estiveram marcadas por combates e bombardeios limitados. Em geral, a trégua continua sendo respeitada desde a noite de segunda-feira.

O presidente russo, Vladimir Putin, em viagem ao Quirguistão, disse estar otimista, mas acusou a oposição síria de continuar ativa.

"Vemos tentativas de se reagruparem entre estes terroristas, tentam mudar (...) de nome para preservar suas capacidades militares", declarou, segundo a agência de notícias Intefax.

Segundo Putin, Washington enfrenta um "problema bastante difícil (...) de separar a oposição (do presidente sírio, Bashar al-Assad) dos terroristas".

Segundo o acordo, os Estados Unidos devem pressionar para que os rebeldes sírios se distanciem claramente dos extremistas da Frente Fateh al-Sham (ex-Frente al-Nosra), excluídos da trégua, assim como o grupo Estado Islâmico (EI).

Em Nova York, o Conselho de Segurança da ONU cancelou no último minuto de sexta-feira uma reunião a pedido de Estados Unidos e Rússia, os dois padrinhos da trégua.

A reunião deveria permitir examinar a possibilidade de uma resolução para apoiar o acordo de trégua, entregar ajuda humanitária e favorecer uma solução política à crise síria.

Ajuda humanitária não chega

 
No quinto dia de trégua, dezenas de milhares de civis, em particular nos bairros rebeldes sitiados de Aleppo, não receberam ainda a ajuda humanitária prometida.

As partes em conflito não se retiraram da rota do Castello, situada ao norte da cidade e escolhida pela ONU para levar a ajuda humanitária aos bairros rebeldes, no leste da cidade, onde vivem mais de 250 mil pessoas.

A Casa Branca informou sobre a "profunda preocupação" do presidente Barack Obama sobre o fato de que "o regime sírio continua bloqueando" o transporte de ajuda.

Sem garantias de segurança suficientes, os caminhões da ONU, repletos de alimentos e medicamentos, continuam bloqueados em uma zona entre a fronteira turca e síria.

Um correspondente da AFP em Aleppo indicou neste sábado que a cidade estava tranquila após o disparo de alguns foguetes durante a noite.

A trégua reduziu a violência, mas ocorreram conflitos, que na sexta-feira deixaram as primeiras vítimas civis, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Neste sábado, na província de Homs (centro), uma mulher e uma criança morreram por bombardeiros do regime no reduto rebelde de Talbisé, segundo a ONG.

Também foram registrados combates no leste de Aleppo, na Ghuta Oriental, onde as forças do regime tentaram avançar perto de Marej, controlado pelos rebeldes, disse a mesma fonte.

Desde segunda-feira, segundo o OSDH, 12 civis morreram, dos quais nove em operações do exército sírio e três devido aos rebeldes. Todos em zonas envolvidas na trégua, ou seja, em regiões controladas ou pelo regime, ou pelos rebeldes.

Outras 47 pessoas morreram em setores controlados pelo Estado Islâmico.

Em cinco anos de conflito, mais de 300 mil pessoas morreram e milhares de civis foram obrigados a fugir de seus lares.



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