ONU diz que 16 mil civis fugiram do leste de Aleppo e situação é 'alarmante'

'Estou extremamente preocupado com o destino dos civis por causa da situação alarmante e aterradora na cidade de Aleppo', afirmou a organização.


France Presse

 
Um total de 16 mil civis fugiram do leste de Aleppo nos últimos dias para outras áreas da cidade, anunciou nesta terça-feira (29) em Genebra a ONU, que citou uma situação "alarmante e aterradora".


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Refugiados de Aleppo, Síria


"Estou extremamente preocupado com o destino dos civis por causa da situação alarmante e aterradora na cidade de Aleppo", afirmou o diretor de operações humanitárias da ONU, Stephen O'Brien, em um comunicado.

Ofensiva do governo

 
O Exército sírio retomou nesta segunda-feira (28) o controle dos bairros do nordeste de Aleppo e avança para - o que parece - uma vitória total em uma das batalhas mais importantes e simbólicas da guerra civil na Síria.

Milhares de civis fugiam dos bombardeios e dos combates nas ruas e procuravam refúgio em áreas mais seguras, após terem resistido durante quatro meses ao cerco imposto pelo governo.

"São os piores dias desde o início do cerco. A situação é catastrófica. Há um êxodo em massa, e o ânimo está no chão", disse Ibrahim Abu Laith, porta-voz dos Capacetes Brancos, o serviço de socorristas na zona rebelde de Aleppo.

"Não há comida, nem água, nem abrigo, nem meios de transporte (...) As pessoas dormem na rua", acrescentou com a voz cansada.

Entre os que fugiram, milhares de habitantes se dirigiram para as zonas controladas pelo governo. Outras famílias se refugiaram em bairros que permanecem nas mãos dos rebeldes, onde os moradores deram cobertores para se protegerem do frio durante a noite.

Luta desigual

 
As tropas de Bashar al-Assad aproveitaram um maior poderio militar e a ajuda de seus aliados estrangeiros para reconquistar o nordeste de Aleppo nesta segunda-feira, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Ao perder um terço do leste de Aleppo, os rebeldes sofreram "sua maior derrota desde que se apoderaram da metade da cidade em 2012", afirmou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

Eles desmontaram diversas ofensivas do governo no último ano. Desta vez, porém, não conseguiram frear a ampla operação terrestre e aérea lançada em 15 de novembro pelo Exército e pelos combatentes estrangeiros que os apoiam.

A tomada de Aleppo pelo governo seria "um ponto de inflexão" no conflito que assola o país há cinco anos e meio, já que Damasco passaria a controlar as cinco principais cidades sírias, considera Fabrice Balanche, especialista em Síria do Washington Institute for Near East Policy.

Essa vitória também enviaria o sinal de que "a oposição é incapaz de obter um sucesso importante no âmbito militar" e de se apresentar como uma "alternativa" frente a Damasco, opina.

A perda do leste de Aleppo também seria uma derrota para os aliados da oposição, entre eles Arábia Saudita, Catar e Turquia, assim como os países ocidentais. Reforçaria, entretanto, aqueles que apoiam o governo, em primeiro lugar a Rússia, que contribuiu muito para o retrocesso dos rebeldes desde o início de sua intervenção em setembro de 2015.

Na segunda-feira (28), a Organização das Nações Unidas afirmou estar "extremamente preocupada" com os civis presos no leste, que vivem "em condições terríveis", declarou seu porta-voz, Stéphane Dujarric.

"Pedimos encarecidamente a todos os combatentes que cessem seus bombardeios cegos, que protejam os civis e as infraestruturas civis, e que permitam a entrada de ajuda humanitária urgente como exige o Direito Humanitário Internacional", acrescentou Dujarric.

Nesse sentido, em um comunicado divulgado nesta segunda-feira, o ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, pediu "um cessar-fogo imediato em Aleppo e o acesso de agentes humanitários imparciais para garantir a proteção de civis vulneráveis".

Na segunda, Damasco qualificou de "campanha falaciosa" as acusações dos "países ocidentais" sobre o suposto uso de armas químicas pelo governo durante a guerra.

Bairro por bairro

 
Quase dez mil civis fugiram durante o fim de semana. Desses, seis mil seguiram para o território curdo de Sheikh Maqsud, enquanto os demais foram para zonas controladas pelo governo, informou o OSDH.

"É o primeiro êxodo desse tipo no leste de Aleppo em quatro anos", afirmou Rami Abdel Rahmane.

Os moradores sofrem com a falta de mantimentos e remédios em consequência do cerco imposto pelo governo, assim como pelos bombardeios incessantes de aviões sírios e russos, criticados pela ONU.

A ofensiva iniciada em 15 de novembro provocou a morte de 247 civis, incluindo 32 crianças, nos bairros do leste de Aleppo, de acordo com o OSDH, após a morte, nesta segunda-feira, de 18 pessoas.

Os bombardeios rebeldes contra os bairros controlados pelo governo mataram 40 civis, incluindo 18 crianças, completou a mesma fonte, acrescentando que 12 delas foram vítimas de disparos de foguetes.

O avanço das tropas do governo se intensificou no sábado com a captura do bairro de Massaken Hanano, o maior do leste de Aleppo. Essa vitória permitiu ao Exército avançar para os bairros de Sakhur, Haydariyah e Sheikh Khodr, conquistados nesta segunda (28), e dividir a zona rebelde em duas, de acordo com a imprensa oficial síria.




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