Putin anuncia cessar-fogo na Síria entre o regime de Bashar al-Assad e os rebeldes

Fim das hostilidades entrará em vigor à meia-noite de quinta para sexta
Guerra síria já dura quase seis anos e soma mais de 300.000 mortos


Rodrigo Fernández | El País

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou na quinta-feira um cessar-fogo entre os grupos rebeldes e o regime de Bashar al-Assad na guerra síria. O fim das hostilidades entrará em vigor à meia-noite de quinta para sexta, hora local. A Rússia, que apoia Al Assad, e a Turquia, principal aliado dos que se levantaram contra ele em 2011, serão os garantidores da trégua. O acordo não se estende aos grupos terroristas como o Estado Islâmico e o Fateh al-Sham, antes chamado Frente Al-Nusra.

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Vladimir Putin, com o ministro da Defesa russo, Serguei Choigu, em Moscou no dia 29 de dezembro. Mikhail Klimentyev AP

“Com esse acordo, as partes concordaram em encerrar todos os ataques armados, incluindo os aéreos, e nos prometeram não expandir as áreas que têm sob seu controle”, diz um comunicado do Ministério das Relações Exteriores turco. O porta-voz da Coalizão de oposição, Ahmad Ramadan, declarou à agência de notícias France Presse que aceitam as condições do cessar-fogo. “A Coalizão Nacional apoia o acordo, e pede a todas as partes que se submetam a ele”, disse. Mas o chefe das relações exteriores do poderoso grupo rebelde Ahrar al-Sham, Labib Nahhas, disse à Al Jazeera que ainda não receberam o rascunho da proposta de trégua. De acordo com o veículo de comunicação árabe, não está claro quais grupos participaram das negociações prévias.
Putin, durante um encontro com vários de seus ministros, anunciou que foram assinados três documentos: o primeiro, entre o Governo e a oposição armada sobre o cessar-fogo em todo o território da Síria; o segundo detalha as medidas para o controle do regime do fim das hostilidades, e o terceiro é a declaração de que estão dispostos a começar diálogos de paz para encontrar uma solução ao problema sírio. A guerra na Síria que já dura quase seis anos e no qual morreram pelo menos 300.000 pessoas.

“Compreendemos muito bem que todos os acordos assinados são muito frágeis, exigem muita atenção e paciência, atitude profissional e um constante contato com nossos aliados na região”, disse Putin. O presidente russo lembrou que a Rússia, Turquia e Irã já se comprometeram há dez dias, após uma reunião tripartite em Moscou dos ministros das Relações Exteriores, “não só a controlar o processo de solução pacífica, mas também a serem seus garantidores”.

O acordo foi definido após a vitória do Exército sírio e de seus aliados, graças em boa parte ao apoio aéreo russo, na batalha de Aleppo, de onde os insurgentes foram expulsos recentemente. Os partidários de Al Assad tomaram o controle total da que foi a capital econômica da Síria após a evacuação de mais de 200.000 civis, de rebeldes e de suas famílias.

O presidente Putin anunciou também a redução da presença militar russa no país árabe após o acordo de cessar-fogo. “Concordo com a proposta do Ministério da Defesa sobre a redução de nossa presença militar na Síria, levando em consideração que, certamente, continuaremos a luta contra o terrorismo internacional”, disse o presidente russo, após seu ministro da Defesa, Serguei Choigu, explicar que com o cessar-fogo existem todas as condições para a diminuição do número de soldados russos.

O objetivo do acordo, diz o texto, é conseguir uma solução em concordância com a resolução 2254 do Conselho de Segurança da ONU e frisa que a Turquia apoiará esse processo de paz com a esperança de que o quanto antes as partes em conflito – o regime de Damasco e a oposição síria – se reunirão “sob a vigilância dos países garantidores” na capital do Cazaquistão para avançar na solução política do conflito.


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