Como os europeus se preparam para a guerrilha no caso de uma 'invasão russa'

O tema de um provável conflito militar entre a OTAN e a Rússia nos países do Báltico está sempre presente na agenda dos analistas e mídias ocidentais. O colunista da Sputnik Ilia Plekhanov explica se este cenário é verdadeiramente possível.


Sputnik

Há pouco, na fronteira entre a Lituânia e a Polônia terminaram as manobras da OTAN, no âmbito do qual os militares simularam ações no caso de uma "invasão russa" das respectivas regiões, sendo que no verão e outono do ano corrente ainda devem ocorrer outros treinamentos.


Soldado estoniano participa dos exercícios militares anuais em conjunto com as tropas da OTAN, Estônia (foto de arquivo)
Soldado estoniano em exercício militar © AFP 2017/ RAIGO PAJULA

A Rússia, por sua vez, se vê obrigada a responder. Por exemplo, entre meados de julho até meados de setembro, terão lugar os exercícios Cooperação Marítima 2017 em várias zonas, inclusive na região do Báltico, que contarão com a participação não só da Marinha russa mas também de um grupo de navios chineses.

Outras manobras russas, Ocidente 2017, que decorrerão em setembro, já provocaram numerosas declarações duras e, em alguns casos, até histéricas, observa o colunista.

A presidente da Estônia, Kersti Kaljulaid, há pouco afirmou: "De agosto até outubro, perto de nós decorrerão as manobras regulares de larga escala Ocidente 2017 das Forças Armadas russas. Nós, junto com nossos aliados, devemos estar ao mesmo tempo tranquilos e atentos. Muito provavelmente, vai ser realizada uma operação militar de grande envergadura contra a OTAN e, evidentemente, seremos testemunhas de vários ataques informacionais que visarão semear a confusão e a desconfiança."

Por sua vez, este junho, a presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite, chamou a "existência da Rússia e Bielorrússia no Leste" da maior ameaça para os países do Báltico e a Polônia.

"Embora as forças da OTAN tenham terminado o deslocamento de 4 mil seus militares aos países do Báltico e à Polônia em junho, os analistas não acalentam muitas ilusões em relação ao seu poderio militar", escreve Plekhanov.

Ainda em fevereiro do ano passado, a empresa de análise militar RAND modelou uma invasão russa contra os países do Báltico e concluiu que, passadas 60 horas desde o início de ações ativas, as tropas russas já estariam em Tallinn, sendo que em um "cenário desfavorável" isso levaria apenas 36 horas.

Baseando-se nos resultados da respectiva pesquisa, os especialistas avaliaram que seria mais adequado estudar a possibilidade de travar uma guerra de guerrilha do que se preparar para combates frontais.

No outono do ano passado, o jornal The New York Times publicou um artigo intitulado "A pequenina Estônia assustada pela Rússia treina uma nação de rebeldes". De vez em quando, a Liga de Defesa estoniana realiza treinamentos de seus 25.500 membros e os prepara para combates de guerrilha, ensinando, por exemplo, a fazer explosivos caseiros.

O general de brigada e comandante da Liga de Defesa estoniana, Meelis Kiili, acredita "a guerrilha começa no território ocupado logo após a invasão", por isso, na entidade, os membros recebem armas para levarem para casa.

A edição americana tem várias vezes frisado que a preparação estoniana para uma guerra contra uma potência tão grande como a Rússia parece um "filme animado", mas os estonianos acreditam que o exemplo do Iraque e do Afeganistão mostrou a eficácia da guerrilha contra uma força militar potente.

O jornalista americano independente Michael Totten até se atreveu a dizer que a Estônia "se prepara para virar um segundo Afeganistão" e o país treina seus cidadãos para que "combatam como se fossem rebeldes iraquianos ou afegãos".

Na Lituânia, o processo também não para. Periodicamente, no país se publicam manuais sobre guerrilha e se realizam manobras simulando uma invasão russa.


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