Turquia afirma que solução de conflito sírio também deve ser militar

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse nesta segunda-feira que a solução para o conflito na Síria deve incluir a opção militar e que dizer o contrário, em referência a uma declaração conjunta de Estados Unidos e a Rússia, seria "enganar o mundo".


EFE

"Eu não entendo isto: dizem que não há solução militar, mas o número de pessoas que o governo central (sírio) matou com meios militares já é superior a um milhão", opinou Erdogan.

O presidente turco reagiu dessa maneira ao ser perguntado sobre a declaração conjunta feita no sábado pelos presidentes de EUA e Rússia, Donald Trump e Vladimir Putin, respectivamente, de que "não há solução militar para a Síria".

"Pois então, que retirem seus soldados. Que o solicitem com meios políticos. Que busquem maneiras de realizar eleições o mais rápido possível. Eles tentaram com estes meios durante 7-8 anos? Não vamos enganar o mundo", disse Erdogan.

O presidente turco fez essas declarações durante uma entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira no aeroporto de Istambul e transmitida ao vivo pela emissora "CNNTürk", momentos antes de viajar para Sochi, na Rússia, onde se reunirá hoje com Putin, uma excursão que vai até a quarta-feira e o levará também ao Kuwait e ao Catar.

"Vou falar com Putin sobre isto. Nós (os turcos) somos os que conhecem melhor a região. Nós não queríamos que os EUA entrassem no Iraque, pedimos que solucionassem os problemas por meios democráticos. Eles não nos ouviram. (O ex-presidente) Obama disse depois que não ficariam no Iraque. Eles saíram? Não, não saíram. O mundo não é idiota. Eles dizem umas coisas e fazem outras", insistiu Erdogan.

"Os Estados Unidos têm cinco bases aéreas na Síria e preparam uma sexta em Al Raqqa, e têm outras oito bases. A Rússia tem cinco. Só os Estados Unidos enviaram 3.500 caminhões com armas. Se isto não é uma solução militar, o que é?", perguntou o presidente turco.

Erdogan lembrou que a Turquia controla uma grande área na Síria desde agosto de 2016 e se queixou pelo fato de as milícias curdo-sírias Unidades de Proteção Popular (YPG, na sigla em curdo) ainda não terem se retirado da região situada ao leste do rio o Eufrates "como prometeram".

"Eles não saíram de Manbij. As YPG estão lá. Eles também possuem estruturas em Afrin (uma localidade curda no noroeste da Síria), perto de nossa fronteira. Mas não podemos tolerar que nos assediem dali. Falamos com a Rússia e, com a sua colaboração, podemos dar passos conjuntos em Afrin", disse o presidente turco.

Erdogan anunciou que também pedirá a Putin que elimine totalmente as restrições russas às exportações turcas e que continuará falando sobre os projetos de energia compartilhados, como a usina nuclear de Akkuyu na Turquia.

Após a reunião com Putin, Erdogan viajará para o Kuwait, país que definiu como "irmão", enalteceu a mediação dos kuaitianos na crise do Catar com a Arábia Saudita e outros vizinhos, e destacando as boas relações comerciais do emirado com a Turquia, especialmente através das empresas de construção turcas.

"Depois iremos ao Catar para o terceiro encontro do Alto Comitê Estratégico. A presença do exército turco no Catar continua. Damos grande importância à segurança do Catar, e à estabilidade de todos os países do Golfo. Infelizmente, alguns tentam fazer com que os irmãos briguem entre si", criticou Erdogan.

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