Forças pró-Assad entram em Afrin

Combatentes leais ao governo sírio são recebidos por rebeldes curdos, que tentam fazer frente a ofensiva da Turquia. Erdogan afirma que ataque aéreo obrigou milícias a recuar.


Deutsch Welle

Milícias leais ao presidente Bashar al-Assad entraram nesta terça-feira (20/02) no enclave curdo de Afrin, no noroeste da Síria. As forças pró-governo foram enviadas à região para apoiar a milícia curda Unidades de Proteção Popular (YPG), que é alvo de uma ofensiva da Turquia. O movimento pode acirrar ainda mais o conflito na Síria.


Milícias pró-Assad entram em Afrin
Milícias pró-Assad entram em Afrin

"O governo sírio respondeu à chamada para cumprir com o dever enviando unidades militares para que se concentrem na fronteira [com a Turquia] e participem da defesa da unidade do território sírio", anunciou o porta-voz das YPG, Nuri Mahmoud.

A emissora de televisão oficial síria mostrou imagens de veículos "das forças populares", como a imprensa síria chama as milícias leais a Damasco, dentro de Afrin. A maioria dos veículos era caminhonetes com baterias antiaéreas na traseira e bandeiras sírias.

Desde 20 de janeiro, forças turcas e facções rebeldes sírias aliadas de Ancara executam uma ofensiva em Afrin, região controlada pelas YPG, que são consideradas um grupo terrorista pela Turquia.

Bombardeio e recuo

Pouco depois da entrada das milícias pró-Assad, aviões turcos bombardearam os arredores da cidade. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que o ataque aéreo obrigou as forças pró-Assad a recuar.

Erdogan disse ainda que alcançou um acordo com os presidentes russo, Vladimir Putin, e iraniano, Hassan Rohani, para bloquear o deslocamento de tropas sírias a Afrin. Moscou e Ancara apoiam lados opostos no conflito sírio. O Kremlin é o principal aliado de Assad, já a Turquia defende grupos rebeldes que desejam retirá-lo do poder.

Nos últimos meses, porém, Ancara apoiou esforços liderados pela Rússia para encerrar a guerra, mesmo com a maioria das cidades mais populosas sob o controle de Assad. A Turquia alega ainda ter conversado com Moscou antes de iniciar a ofensiva em Afrin.

Após o anúncio de Erdogan, as YPG negaram o recuo, mas não deram detalhes sobre o tamanho dos comboios que entraram na cidade. O Observatório Sírio de Direitos Humanos, porém, disse que apenas um comboio entrou na cidade, e um segundo recuou diante dos bombardeios.

Em um mês, a operação militar turca chamada "Ramo de Oliveira" deixou ao menos 112 civis mortos, entre eles 23 crianças e 17 mulheres, segundo números publicados nesta terça-feira pelo Observatório Sírio de Direitos Humanos.

As forças turcas atacaram ainda estruturas vitais na região: o hospital e uma escola nos arredores, assim como a represa de Maidanki. Três sítios arqueológicos também foram bombardeados: Ain Dara, Deir Mishmish e Nabi Huri.

Segundo o Observatório, o Exército turco já controla 46 localidades nos arredores de Afrin, além de 50 quilômetros de fronteira entre esta cidade e a Turquia.

As YPG tiveram papel crucial no combate ao grupo jihadista "Estado Islâmico" (EI) na Síria. Após a ameaça do EI ter diminuído, os turcos se voltaram contra as milícias curdas, que foram apoiadas nos últimos anos pelos EUA.

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