EUA e Reino Unido revogam vistos de autoridades sauditas suspeitas de envolvimento no caso Khashoggi

Chanceler da Alemanha diz que vai suspender venda de armas para a Arábia Saudita; Espanha decida manter.


Por G1

Os Estados Unidos e o Reino Unido revogaram os vistos de autoridades da Arábia Saudita suspeitas de envolvimento no caso do jornalista saudita Jamal Khashoggi, morto no consulado de seu país em Istambul.

'Assassinato de jornalista foi planejado com antecedência', diz presidente turco — Foto: Reprodução/JN
'Assassinato de jornalista foi planejado com antecedência', diz presidente turco — Foto: Reprodução/JN

O Departamento de Estado dos EUA disse que 21 "sauditas suspeitos" terão seus vistos revogados ou serão declarados inelegíveis para entrar no país. O órgão não especificou quem são os afetados.

"Essas punições não serão a última palavra sobre esse assunto", disse o secretário de Estado Mike Pompeo, em pronunciamento no departamento. "Estamos deixando muito claro que os EUA não toleram esse tipo de ação implacável para silenciar o senhor Khashoggi, um jornalista, com violência", disse.

Theresa May, premiê britânica, também anunciou a medida ao falar nesta quarta-feira (24) com deputados no Parlamento.

"O Secretário de Estado para Assuntos Internos está tomando ação contra todos os suspeitos para impedi-los de entrar no Reino Unido, e se esses indivíduos têm visto atualmente, esses vistos serão revogados hoje.

May também disse que deve falar com o rei saudita nesta quarta. "Ainda existe uma necessidade urgente de estabelecer exatamente o que aconteceu em relação a isso... Eu mesma espero falar com o rei Salman hoje", afirmou.

Venda de armas

Alguns países discutem se continuam ou não com suas exportações de armas à Arábia Saudita.

A chanceler Angela Merkel prometeu na segunda-feira suspender todas as exportações de armas alemãs para o reino até que o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi seja esclarecido.

Nesta quarta, o porta-voz do governo alemão disse que discussões intensas estão em andamento sobre como lidar com as exportações de armas que já foram aprovadas, mas ainda não entregues.

Já o presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez, decidiu manter a venda de armas de seu país, justificando com base na defesa dos interesses da Espanha.

No Congresso, Sánchez condenou o "terrível" assassinado e disse que ele deve ser investigado e que a Justiça deve atuar para que "todo o peso da lei caia" sobre os responsáveis.

Irã acusa os EUA

O presidente iraniano, Hassan Rohani, declarou nesta quarta-feira no Conselho de Ministros que o "odioso assassinato" de Jamal Khashoggi teria sido impensável "sem o apoio dos Estados Unidos".

"Não penso que um país faça algo assim sem o apoio dos Estados Unidos", declarou Rohani em um discurso exibido pela televisão estatal.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pediu nesta quarta-feira toda a verdade sobre o "impactante assassinato". "O único interesse europeu é revelar todos os detalhes deste caso, sejam que for o autor", afirmou no Parlamento Europeu em Estrasburgo. "Foi um crime tão horrível até o mínimo rastro de hipocrisia nos envergonharia", completou o ex-primeiro-ministro polonês.

Entenda o caso


Khashoggi, colunista do jornal "Washington Post" e crítico do poderoso príncipe herdeiro saudita, desapareceu em 2 de outubro, depois de entrar no consulado saudita em Istambul para obter documentos para se casar.

Após uma onda de indignação mundial, o governo saudita admitiu no sábado que Khashoggi morreu dentro do consulado após uma briga, versão que gera muito ceticismo. Riad negou qualquer envolvimento do jovem príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman.

O presidente turco Tayyip Erdogan afirmou que há fortes sinais de que o assassinato foi planejado e de que ele foi morto de uma forma selvagem.

Depois do pronunciamento de Erdogan, a Arábia Saudita anunciou que vai responsabilizar “quem quer que seja” pelo assassinato de Khashoggi e aqueles que falharam em suas funções.

O presidente americano Donald Trump disse que o tratamento dado por Riad ao caso foi "o pior encobrimento de todos os tempos".


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