Análise: Colômbia pode enfrentar nova guerra caso se envolva na crise da Venezuela

A Colômbia pode enfrentar a ameaça de reinício da guerra civil em caso de ser envolvida na crise ao redor da Venezuela com participação dos EUA, declarou o editor-chefe da revista "América Latina" da Academia de Ciências da Rússia, Vladimir Travkin.


Sputnik

O assessor de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, foi visto na coletiva de imprensa na segunda-feira (28) com um caderno amarelo com as palavras "5.000 soldados para a Colômbia". O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Carlos Holmes Trujillo, disse posteriormente que Bogotá não sabe por que motivo John Bolton mencionou o país na anotação sobre o possível envio de 5.000 soldados para a Colômbia em meio à crise na vizinha Venezuela.


Soldados colombianos acampados perto do local do ataque das FARC contra tropas do exército, em Cauca (foto de arquivo)
Militares colombianos © REUTERS / Jaime Saldarriaga

Entretanto, o presidente norte-americano Donald Trump aludiu à possibilidade de invasão militar da Venezuela por parte dos EUA. Porém, a assessoria da imprensa do Ministério da Defesa da Colômbia comunicou que o país não planejava conceder bases militares aos EUA para uma potencial invasão.

"É muito duvidoso que a Colômbia envie algumas forças militares [à Venezuela]. Há pouco tempo que lá cessou a guerra civil que durou 50 anos. Se a Colômbia 'se envolver' no conflito militar no estrangeiro, na Venezuela vizinha, isso pode levar a consequências sérias dentro do país, já que permanecem muitas pessoas que combateram do lado da esquerda. Com certeza, eles saíram das florestas, mas não desapareceram, e nem todos eles estão contentes com o desenvolvimento dos acontecimentos na Colômbia", acrescentou Travkin.

Ele sublinhou que, em qualquer caso, a Venezuela está pronta para um cenário militar. O Exército venezuelano é forte e bem preparado, sendo composto principalmente por soldados oriundos do povo, 68% dos quais apoiam o presidente Nicolás Maduro, segundo o analista. "Se de repente acontecer uma invasão, tal custará grandes perdas ao invasor", acrescentou.

O analista afirmou que muita coisa irá depender do balanço de forças nos EUA, onde há "cabeças quentes" e onde os atritos entre o poder executivo e legislativo continuam.

Desde 21 de janeiro que na Venezuela ocorrem protestos contra o presidente em função Nicolás Maduro. No dia 23 de janeiro, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, se declarou presidente interino do país durante o protesto antigovernamental nas ruas de Caracas.

Os EUA e uma série de outros países, inclusive o Brasil, reconheceram Guaidó como presidente da Venezuela. A Rússia, a China, Cuba, e o México, entre outros, apoiam a permanência de Maduro.

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