Turquia não vai avançar mais na Síria

Após assinar um acordo com a Rússia, turcos afirmaram que não vão invadir outros territórios além da área de cerca de 2,3 mil metros quadrados que já tomaram dos curdos.


France Presse

O exército da Turquia afirmou nesta quarta-feira (23) que vai interromper a invasão da região da Síria dominada pelos curdos.

Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, e Vladimir Putin, da Rússia, após entrevista coletiva e, Sochi, na Rússia, em 22 de outubro de 2019 — Foto: Alexei Druzhinin/Sputnik/Via Reuters
Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, e Vladimir Putin, da Rússia, após entrevista coletiva e, Sochi, na Rússia, em 22 de outubro de 2019 — Foto: Alexei Druzhinin/Sputnik/Via Reuters

As forças não vão avançar além de uma região de cerca de 2,3 mil metros quadrados que já estão sob seu domínio, afirmou o ministro de Defesa da Turquia.

Os turcos assinaram um acordo com a Rússia na terça-feira (22). Pelos termos, os guerrilheiros curdos poderão se retirar das regiões de fronteira.

Para evitar um conflito turco-curdo exacerbado, Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan concordaram em controlar grande parte da fronteira turco-síria em conjunto.

Veja os principais pontos deste "memorando", que visa pôr fim à ofensiva turca contra as forças curdas das YPG, consideradas terroristas por Ancara.

Diferentes zonas

Ancara está em vantagem sobre uma zona de 120 km ao longo da fronteira sírio-turca e de 32 km de profundidade, entre a cidade de Tal-Abyad, que a Turquia tomou no início da ofensiva, e a de Ras al-Ain, de onde os últimos combatentes curdos se retiraram no domingo (20).

O acordo fala em manter o "status quo" nesta região e não menciona nenhuma data de retirada para os turcos.

Para as áreas de fronteira que limitam esta zona onde o Exército turco está presente, outro regime foi decidido.

Aqui, as forças das YPG devem se retirar com suas armas dentro de "150 horas a partir das 12h (6h de Brasília) de 23 de outubro", além de 30 km da fronteira entre a Turquia e a Síria.

A polícia militar russa e os guardas de fronteira terão que "facilitar" essa retirada, inclusive de Manbij, onde russos e sírios já estão presentes.

Ao final dos prazos, patrulhas conjuntas turcas e russas circularão em uma zona de "10 km de profundidade" da fronteira, a oeste e leste do setor tomado pela Turquia durante sua ofensiva chamada "Fonte de paz".

Terrorismo e refugiados

No acordo, a Rússia e a Turquia reiteram seu desejo de "combater o terrorismo em todas as suas formas" e "resistir às aspirações separatistas no território sírio", e se comprometem a tomar "as medidas necessárias para evitar a infiltração de elementos terroristas".

Vladimir Putin se referiu explicitamente ao risco do ressurgimento do grupo Estado Islâmico (EI), do qual milhares de veteranos são mantidos presos pelos curdos.

Erdogan, que elogiou um acordo "histórico", tinha em mente a ameaça que representa, segundo ele, para o seu país o separatismo curdo.

O acordo também prevê esforços russo-turcos "para facilitar o retorno voluntário e seguro dos refugiados". Sem mais detalhes.

A Turquia, que abriga em seu território 3,6 milhões de refugiados, disse que deseja que dois milhões deles retornem à Síria na zona de segurança que está prestes a estabelecer.

Solução política

A Rússia e a Turquia, ainda que apoiem diferentes campos na guerra civil, insistiram em preservar a integridade territorial da Síria.

Neste sentido, prometem continuar seus esforços para encontrar uma "solução política duradoura" para o conflito sírio no âmbito do processo de paz de Astana, o antigo nome de Nur-Sultan, capital do Cazaquistão, onde negociações são realizadas desde 2017.


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