Liga Árabe condena abertura de escritório comercial brasileiro em Jerusalém

A Liga Árabe condenou nesta quinta-feira a abertura de um escritório comercial do Brasil em Jerusalém e alertou o país sul-americano sobre a possibilidade de transferir sua embaixada para a Cidade Santa.


France Presse

"A Liga Árabe acredita que a decisão do Brasil é unilateral e ilegítima e considera que apoia políticas ilegais de ocupação israelense", indica um comunicado da organização, que fez uma reunião de emergência no Cairo a pedido da Palestina.


Reunião do delegados permanentes da Liga Árabe, no Cairo, em 19 de dezembro de 2019 | AFP / Mohamed el-Shahed

Numa cerimônia realizada no domingo em Israel na abertura da representação brasileira, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, confirmou a intenção de seu pai de mudar a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém.

A Liga Árabe também alertou que a mudança na política de Brasília "prejudicaria seriamente as relações e os interesses árabe-brasileiros".

O Ministério das Relações Exteriores emitiu um comunicado esclarecendo que a abertura do escritório comercial em Jerusalém se deve ao desejo de "priorizar as questões de inovação, tecnologia, parcerias estratégicas" e que "não prejudica a importância e a qualidade" das relações do Brasil com os países árabes.

O Brasil "continua mantendo excelentes relações com os países árabes, como demonstrado pelos resultados" da visita de Bolsonaro a vários países da região (Emirados Árabes Unidos, Catar e Arábia Saudita) no final de outubro.

Durante sua visita a Israel em março, Jair Bolsonaro anunciou a abertura de um escritório da Apex (a agência brasileira de promoção de comércio e investimento) em Jerusalém, uma iniciativa que ele definiu como o primeiro passo para a transferência da embaixada .

Bolsonaro prometeu mudar a embaixada durante a campanha à presidência no ano passado, satisfazendo uma reivindicação das igrejas neopentecostais, que apoiaram sua candidatura.

Mas a pressão do agronegócio o forçou a adiar a decisão, por temer represálias dos países árabes, mercados importantes para as carnes brasileiras.

O status de Jerusalém é uma das questões mais delicadas no conflito israelense-palestino.

Israel ocupa Jerusalém oriental desde a guerra de 1967 e anexou a região, um ato que nunca foi reconhecido pela comunidade internacional.

Israel considera toda a cidade como sua capital, enquanto os palestinos querem fazer de Jerusalém oriental a capital do Estado que almejam criar.

A maioria das embaixadas está localizada em Tel Aviv para evitar interferências em possíveis negociações entre israelenses e palestinos.

Se transferir a embaixada, Bolsonaro emulará o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que mudou sua sede diplomática para Jerusalém em maio de 2018.

Na época, o governo israelense disse que outros países seguiriam o mesmo exemplo. Até o momento, apenas a Guatemala fez a transferência e mantém sua embaixada em Jerusalém.

O Paraguai instalou uma embaixada em Jerusalém mas logo regressou a Tel Aviv, provocando a cólera de Israel, que fechou sua representação em Assunção.

Em março, a Hungria abriu uma representação comercial em Jerusalém.

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