J-11B: O presságio de uma silenciosa revolução militar

A China se encontra em um período crítico do teste de uma “versão nacional” do caça Russo Su-27 Flanker, conhecido como J-11B, com propulsão, radar e integração dos sistemas de armas a caminho.

O esforço é ilustrativo dos esforços de Pequim em reconstruir a suas capacidades para o século 21, enquanto os militares e o setor associado a defesa aeroespacial realizam a sua própria revolução nos assuntos militares.

O desenvolvimento do J-11B, se feito com êxito, irá marcar uma mudança notável na capacidade, não apenas de elementos chave da base industrial de defesa, mas também da Força Aérea do Exército de Libertação Popular(PLAAF – Popular Liberation Army Air Force – a Força Aérea Chinesa).

Os militares chineses estão recalibrando a balança entre quantidade e qualidade em favor deste último termo, como a garantia de vantagem militar decisiva, e a habilidade de projetar poder regionalmente. Ao mesmo tempo, a natureza da relação entre Pequim e Moscou pode estar mudando subitamente, refletindo a crescente confiança da China em suas próprias capacidades.

Juntamente com peças importantes no J-11B, a indústria chinesa está começando a produzir uma gama de armas guiadas eficazes, táticas e estratégicas, incluindo sistemas de precisão guiados por satélite. A emergência de plataformas sem tripulantes também está ganhando a atenção de Pequim.

Os sistemas nacionais desenvolvidos agora, em vários estágios do programa de testes do J-11B, mostraram melhorias de performance em relação aos vários modelos do Su-27 em serviço na PLAAF.

O show aéreo da China, ocorrido entre 31/10 e 05/11, incluiu a primeira explicação sobre a turbina Shnyang Tai Hang. Este turbofan está sendo desenvolvido para o Flanker, e é também chamado às vezes de WS-10A. Alguns airframes do J-11B estão agora sendo usados para testes, incluindo pelo menos uma aeronave J-11B para integração de turbina.

Pequim e Moscou concordaram, na venda dos Flanker em 1991, com um contrato de licença de produção assinado posteriormente em 1996. O Flanker deu à China a sua mais capaz aeronave de caça, enquanto também forneceu um meio para a indústria chinesa ganhar conhecimento de produção de uma aeronave de quarta geração. O primeiro J-11A foi completado em 1998. O J-11A ainda usa turbina, radar e armamento russo.

O design e o desenvolvimento do Tai Hang está ocorrendo há quase duas décadas, diz um executivo sênior chinês de turbinas aéreas. Ele admite que o programa se provou um desafio. “Nós tivemos dificuldades em desenvolver o motor.”

Os executivos da indústria chinesa permanecem reticentes para discutir o programa J-11B. Eles apenas disseram que o Tai Hang tem “aplicações similares ao Al-31(a turbina que equipa os Su-27 atualmente). Tem empuxo parecido e está na mesma geração tecnológica”. O programa J-11B também inclui a integração de radares pulso-doppler com antenas planas, desenvolvido na China, substituindo o radar N-001 cassegrain, Russo, dos quais pelo menos duas versões são usadas pela PLAAF. Uma imagem de um J-11B, embora ainda preliminar, parece mostrar a aeronave equipada com um diferente radome, em comparação ao Su-27 básico. Dado o espaço disponível para uma antena plana, isso iria dar uma performance melhor se comparado ao N-001.

Também associado ao J-11B é o míssil ar-ar de médio alcance de guiagem ativa Luoyang PL-12. Embora a Força Aérea Chinesa já possua mísseis russos R-77(AA-12 “Adder”, na nomenclatura da OTAN) em serviço com os Su-27, o PL-12 oferece uma grande melhora da performance sobre a versão de exportação atual do Vympel R-77. Oficiais da companhia não puderam discutir o projeto PL-12.

O programa inicial de testes de tiro para o PL-12 agora parece completo, com o míssil pelo menos próximo de entrar em serviço. Ele foi primeiro integrado no J-8II para o programa de desenvolvimento. Experimentos do PL-12 no Chengdu J-10 também ocorreram.

O PL-12 se beneficia de tecnologia russa, com um seeker e um sistema de guiagem inercial dados por Moscou. Uma variante do seeker de radar Agat 9B-1103M é o candidato mais provável para o míssil. Este seeker inicialmente era planejado para uma versão melhorada do R-77, mas aparentemente foi vendido para a China antes.

A PLAAF atualmente possui a capacidade de engajamento de 2 alvos, usando a combinação Su-27/R-77. Uma integração exitosa do PL-12 no J-11B provavelmente daria uma genuína capacidade multi-alvo, dando à PLAAF uma aeronave de superioridade aérea mais capaz.

O país também está se movendo para cobrir os buracos na sua capacidade com armas táticas, e também para melhorar a sua habilidade de apoiar a venda de aeronaves para exportação com pacotes credíveis de armas guiadas. O show[aéreo da China] incluiu a apresentação de vários sistemas táticos lançados do ar, não vistos antes. A Luoyang apresentou a bomba guiada à laser LT-2, juntamente com a bomba precisa de planeio LS-6. A rival China Aerospace and Technology Corp. mostrou a suas famílias FT-1 e FT-3, de bombas guiadas por satélite. Ambas são direcionadas para potenciais exportações do caça leve FC-1, incluindo o Paquistão, e provavelmente para requerimentos nacionais.

Enquanto isso, a China Aerospace Science and Industry Corp.(CASIC) apresentou o míssil anti-navio C-704, juntamente com a versão da arma anti-navio C-802, o ar-superfície C-802KD

O LT-2 tem estado em serviço com a Força Aérea Chinesa “por mais de três anos”, diz um executivo da Luoyang. A arma, na classe dos 500kg, relembra a família KAB russa. O oficial sugeriu que a bomba guiada a laser possui um alcance de até 20km, se lançada de grande altitude, e com uma precisão média de 2 metros.

O LS-6 aparece, de fato, um sistema sucessor, com uma família de armas planejadas. O entrevistado diz que “cerca de uma dúzia” de testes de lançamento foram realizados com o kit de precisão da bomba LS-6, usando um Shenyang J-8II como uma aeronave de teste. O programa começou em 2003, com os testes completados agora.

Ele identifica o JF-17 – a designação da Força Aérea Paquistanesa para o Chendu FC-1, agora em desenvolvimento – como a próxima aeronave a ser integrada com a arma. A guiagem é fornecida por um pacote inercial acoplado à navegação por satélite. Ele diz que esta família de armas será capaz de usar três sistemas – o GPS americano, o Glonass russo e o sistema chinês Beidou. A arquitetura deste sistema eventualmente prevê o uso de 5 satélites em órbita geossincrônica(GEO- geosynchronous orbit) e mais de 30 plataformas sem esta órbita.

O LS-6, de 500kg, tem um alcance máximo de 60km, se lançado de média altura. Um kit de 1.000kg foi considerado, embora necessite de uma asa maior. A variante de 250kg está sendo desenvolvida. Também em estudo está a adição de um seeker de laser.

As duas armas mostradas pela CASIC abrangem as classes de 250kg e 500kg. O FT-1 apresenta similaridade com a arma americana Joint Direct Attack Munition(JDAM). O desenvolvimento começou em 2001, de acordo com um executivo da companhia. Testes foram levados a efeito a partir de um Xian JH-7. O alcance do FT-1 é dado como acima de 18km, dependendo da altitude de lançamento e velocidade da aeronave, com uma precisão de “30 metros ou menos”. A subsidiária da Casic, a China National Precision Machinery Import & Export Corp. é responsável pelo C-704. Pelo menos alguns exemplares do míssil anti-navio foi produzida.

O design possui fortes reminiscências do míssil anti-navio Hongdu JJ/TL-6, embora as dimensões e a performance dos 2 variem levemente. Informações dadas ao C-704 dão ao míssil de radar monopulso de guiagem ativa um alcance máximo de 35km.

A companhia também está oferecendo uma outra variante do seu míssil anti-navio C-802. É dito que o aerolançado C-802KD é capaz de engajar navios no porto ou alguns alvos fixos em terra. Dado que o míssil é equipado com apenas um seeker de radar, alvos terrestres precisariam fornecer um alto contraste ao radar.

Uma arma de tamanho médio aerolançada e guiada eletro-opticamente, em uma classe similar ao C-802, está em desenvolvimento na China. Este programa quase com certeza corresponde à designação KD-88.

As primeiras indicações de uma mudança das relações Sino-Russas podem ser vistas no resultado do “puxa-empurra” atual entre Pequim e Moscou pela provisão de uma turbina russa para o caça leve FC-1. A aeronave está sendo desenvolvida conjuntamente entre China e Paquistão.

Executivos Russos e Chineses da área aeroespacial dizem que o FC-1 será fornecido ao Paquistão com um motor russo, embora isso ainda dependa de aprovação política de Moscou. O governo Russo ainda tem que aprovar o envio, com sugestões que Moscou possa impedir um negócio para evitar atrapalhar as vendas para Índia.

Fonte: Aviation Week

Traduzido por: César Ferreira

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