Rafale em combate

O início das operações do caça Rafale, no Afeganistão, tanto a versão Naval embarcada como a da Força Aérea, foi um grande marco para as Forças Francesas e o Programa do caça Rafale.


Rafales em Operação

Em Outubro de 2006, o Ministério de Defesa da França anunciou os requisitos para a urgente adoção da armas guiadas a laser no caça Rafale do Armée de l´Air.

A necessidade de contrapor de forma eficiente a crescente amplitude dos ataques do Taliban levou a decisão de dotar o Rafale com bombas de 250 kg (500 lb), GBU-12 / 22 guiadas a laser.

Os Rafales do Standard F2 em serviço no Armée de l´Air e Marine Nationale são capazes de disparar mísseis de cruzeiro SCALP, AASM “modular stand-off precision weapons” e mísseis ar-ar Mica, mas foi identificado que a classe de bombas GBU-12 seria ideal para as operações no Afeganistão onde a guia a laser, por sua precisão, foi adotada devido as rígidas regras de engajamento adotadas naquele Teatro de Operações (TO), referente a danos colaterais.

Um estudo da praticabilidade da mudança foi executado pelo DGA (Delegation Generale pour l´Armament) e a Dassault Aviation. Em menos de um mês os engenheiros da Dassault Aviation desenvolveram uma solução técnica para integrar as bombas GBU-12 e GBU-22 no Rafale.

A proposta técnica foi aceita e o “Projeto Echo’ foi oficialmente lançado, em 17 de Novembro de 2006, o contrato previa a entrada em serviço na maior brevidade possível, tanto no Armée de l’Air como na Marine Nationale. Para encurtar o tempo de desenvolvimento foi decidido que não seria integrado um pod designador de alvos no Rafale, as tripulações teriam os alvos designados por outro avião (Mirage 2000D ou Super Etandard Modernizé ). As bombas seriam lançadas pelo Rafale. Como alternativa também foram treinados “Controladores Avançados” e membros das Forças Especiais para designarem alvos para os Rafales desde o terreno.

O padrão F3, que estará operacional no início de 2009, operará o pod designador de alvos a laser THALES Damocles. A introdução do pod designador de alvos Damocles permitirá ao Rafale localizar alvos a maiores distâncias, tanto de dia como à noite.

Deslocamento

Um total de seis Rafales Padrão F2, da Marinha e Força Aérea foram enviados ao Afeganistão. Os três do Armée de l´Air e três da Marine Nationale eram Rafales do Padrão F2. Os da Força Aérea eram biplaces, modelo B, operando desde a Base Aérea de Dushanbe, no Tadjiquistão, desde 12 Março de 2007, com os três da Marine Nationale, modelo M, monoplace, juntaram-se ao grupo tarefa do porta-aviões de propulsão nuclear Charles de Gaulle alguns dias antes. O total de caças Rafale naquele TO alcançou 15 aviões,incluindo 9 do padrão F1 usados para defesa aérea e operações REVO, como reabastecedores (buddy-buddy) a partir do navio capitânea da Marinha Francesa.

Em Operações

Em Dushanbe,os Rafales da Força Aérea são geralmente equipados com 4 bombas GBU-12 e 2 tanques ejetáveis de 2000 litros cada. Sem um inimigo aéreo, os mísseis Mica não são instalados. Desde o início de Maio de 2007 o canhão de Nexter 30 mm foi declarado operacional também para ar-solo e os caças passaram a carregar um lote de 150 tiros prontos para o disparo.

O Coronel François Moussez, Gerente do Projeto Rafale na Força Aérea Francesa explica o perfil operacional. “Os Rafales sempre operam em conjunto com o Mirage 2000D formando uma dupla mixta. Nós geralmente lançamos duas duplas por dia, uma pela manhã e outra a tarde, com a duração de cada missão, variando de 4h30min a 6h30min.

A disponibilidade geral tem sido excelente desde o início das operações,e não tivemos uma única missão cancelada devido a problemas mecânicos. Em media 50 missões são voadas a cada mês,com cada avião voando cerca de 80 horas por mês. O grupo de engenharia era composto por 50 engenheiros, mas a experiência mostrou que esse número poderia ser reduzido em muito. Todos os dados de manutenção são transmitidos via satélite para a França para registro e análise

Um grande passo

Para a Força Aérea Francesa o início das operações do Rafale no Afeganistão foi um grande passo e representa também um grande ganho operacional. “Comparado com o Mirage 2000, o Rafale oferece um ganho operacional com maior capacidade de carga paga e maior autonomia com até seis GBUs por avião, ao contrário de duas no Mirage 2000, enfatiza o Coronel Moussez.Com o datalink L16, o Rafale conecta-se nas redes de comando e controle e troca de dados, via Datalink com: os USAF F-15E Eagle e US Navy F/A-18 Hornets. O reconhecimento situacional tem uma enorme melhora com o L16, uma vantagem significativa em uma região onde os radares de controle de vôo é quase inexistente.

A antena “Electronic Scanning” do radar do Rafale é uma ferramenta essencial para eficiência em combate permitindo que os aviões tanque sejam detectados à longa distância.”

As tripulações do Rafale não tiveram de esperar muito para entrar em combate. O primeiro lançamento de uma bomba GBU-12 foi realizado por um Rafale M, da Marinha, em 28 Março 2007, quando duas bombas foram lançadas em apoio a tropas holandesas. A designação laser foi providenciada por um Super Etendard Modernisé. Dois dias após um Rafale da Força Aérea operando em conjunto com um Mirage 2000D lançou pela primeira vez uma GBU-12 em apoio aproximado a tropas da OTAN. Desde então os Rafales tem lançada um grande número de bombas com excepcional precisão.

O caça Rafale entrou em combate somente oito meses após ser declarado operacional pelo Armée de l´Air, o que atraiu a atenção de muitos observadores internacionais. Desde o início a disponibilidade do Rafale tem excedido os 90% e as tripulações não têm dificuldade de integração às complexas redes de comando graças aos avançados sistemas do avião e ao estado da arte na interface homem-máquina.

Na Marine Nationale

Em Maio de 2006, o primeiro caça Rafale M Padrão F2 foi entregue à Unidade de Avaliação Operacional da Marinha Francesa, em Mont-de-Marsan, no Sul da França.

Para uma comparação dos Rafales do Padrão F1 , da Fotille 12F, primeiro esquadrão de Rafales Navais veja a tabela

As Negociações do Rafale

Hoje o único operador dos Rafales são o Armée de l´Air (Modelos B e C) e a Marine Nationale (Modelo M). As unidades previstas são 234 para a Força Aérea, 60 para a Marinha, um total de 294 aviões. Destes 120 unidades já foram contratadas. No início de 2009 é esperado um novo contrato para o Governo Francês com entregas a partir de 2012.

No mercado internacional o Rafale tem sofrido de dois problemas básicos. Primeiro foi a demora, do governo francês em contratar o desenvolvimento dos padrões F2 e F3 o que o prejudicou nas concorrências da Coréia do Sul e Singapura. Esse fato foi superado com as contratações dos padrões F2 (2001) e em especial o F3 (2004). Quando foi considerada operacional o primeiro esquadrão de Rafale C (2006), da Força Aérea, o governo Francês publicou um forte documento de apoio ao Programa Rafale e também projetando as melhorias previstas a serem implementadas nos próximos anos.

Porém isso não impediu a perda de um contrato no Marrocos, que era contado como certo, para o Lockheed Martin F-16, com uma proposta irrecusável do Governo Americano de aviões novos e condições muito vantajosas, ao Governo de Rabat.

Isso levou o governo francês e o grupo industrial do caça Rafale a rever as sua estratégia de negociação. Discutem em introduzir uma centralização nas negociações, que hoje é realizada de forma segmentada: plataforma (Dassault), aviônicos (THALES) e turbina (SNECMA). No armamento entram a SAGEM e a MBDA.

A Dassault Aviation projeta um mercado para 600 caças Rafale. Importantes concorrências estão em andamento como a da: Índia e de vários países europeus, como a Suíça, e outras deverão abrir como a prevista no Brasil.

Os Padrões de Desenvolvimento e as Datas de Introdução
F1 (2003-2005)
F2 (2005-2009)
F3 (2009-2012)
- Canhão 30 mm ar-ar
- Míssil Ar-Ar MICA Eletromagnético
- Radar RBE2 módulo ar-ar
- Transmissão de dados ao MICA após o disparo
- Sistema de Guerra Eletrônica SPECTRA
- Vôo a baixa altidude sobre o mar
- REVO

- Míssil MICA guia térmica
- Míssil de Cruzeiro SCALP EG
- Armamento Ar-Solo Nodular (AASM)
- MIDS Redede troca de dados entre o Rafale-Rafale, Hawkeye , porta-aviões Charles de Gaulle e AWACS
- Optrônica Setor Frontal (OSF) ar-ar, ar-solo, câmera TV, radar infravermelho e laser
- Aperfeiçoamento do SPECTRA
- REVO como reabastecedor (buddy-buddy)

- Míssil ar-mar
- Míssil Nuclear ASMPA
-Pod de Reconhecimento
- HMD (Helmet Mounted Display)
- OSF ar-mar
- Complemento SPECTRA
- Vôo a baixa altitude com o radar
- Radar RBE2 AESA
-Míssil ar-ar BVR Meteor

1 Comentários

  1. Há dois problemas quanto à escolha do Rafale para a FAB. Primeiro, é uma aeronave de 4ª geração, ao contrário do que a imprensa brasileira vem divulgando, dizendo se tratar de um caça de 5ª geração. Não sabem do que estão falando.
    O outro problema é bem visível na foto acima, no início desta notícia. As 3 grandes "bombas" presas no avião, as 3 maiores, na verdade, são tanques de combustível. Sem eles, o Rafale tem uma autonomia pífia. Para um país das dimensões do Brasil, ele não é adequado, pois teríamos o mesmo problema que sempre tivemos: não é possível fazer a segurança das fronteiras do país, somente da capital, Brasília. A não ser que se compre mais de 100 aeronaves com pequena autonomia, como o Rafale, e elas sejam espalhadas por bases aéreas em todos os cantos do Brasil.

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