Jobim defende conclusão de Programa Nuclear


Rubens Valente
Enviado a São Petersburgo

O comandante da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto, e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, defenderam, em entrevista conjunta concedida ontem, a construção de um submarino nuclear no Brasil e a continuidade do PNM (Programa Nuclear da Marinha).

"A vantagem básica do submarino nuclear é essa: ele pode andar em longas distâncias e máximas velocidades e por mais tempo embaixo d'água. É o instrumento melhor para o patrulhamento da Marinha", disse o almirante. O convencional, cujo recorde de submersão teriam sido 30 dias em baixa velocidade, é obrigado a vir à tona com mais freqüência. "Assim ele facilita a sua localização e perde a sua capacidade maior, que é a ocultação", disse.

Jobim disse que o modelo nuclear representa ao país as condições de defesa, o poder dissuasório. "Você sabe que se alguém quiser entrar nas áreas sob jurisdição brasileira, tem um submarino circulando por lá. A estratégia da dissuasão é justamente essa", disse o ministro.

Uma vantagem da conclusão do PNM, segundo o ministro, tem a ver com o domínio da tecnologia do enriquecimento do urânio. "Todo o conhecimento tecnológico, a vanguarda, passa por esses investimentos que o setor privado não investe. Nós já tivemos um ganho muito forte. E a decisão do presidente [Lula] é prosseguir o programa nuclear. Esse reator tanto pode mover a hélice de um submarino como também pode mover um gerador de energia elétrica", disse o ministro.

"É uma planta nuclear de produção de energia. Produz para um submarino andar ou produz para acender a luz de uma cidade de 20 mil habitantes", afirmou o comandante. O reator projetado para o submarino brasileiro gera energia suficiente para abastecer uma cidade como Iperó (SP).

Moura Neto e Jobim afirmaram que o projeto poderá ajudar, a longo prazo, na ampliação da energia nuclear na matriz energética nacional, hoje em torno de 2%.

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