Submarinos Kilo 636 para a Venezuela

Acordos com a Rússia vão aumentar o poder da marinha Venezuelana

Quando da visita de Hugo Chavez à Rússia em 2007, foi noticiado pela imprensa internacional que a Venezuela estava em negociações com a Rússia para a aquisição de submarino para a sua esquadra.

A Venezuela, que presentemente opera apenas dois submarinos do tipo U-209, tem presentemente um numero de submarinos abaixo do normal, que deveria ser de quatro unidades.

A arma submarina tem sido relativamente “desprezada” no contexto das aquisições venezuelanas nos últimos anos e as iniciativas atuais, vão no sentido de ultrapassar essa deficiência.

A imprensa russa noticiou recentemente que está a ser estudada a possibilidade de venda à Venezuela de três submarinos do tipo Kilo modelo 636.

O modelo 636, é um modelo de submarino convencional russo, desenhado nos anos 80 para substituir os ultrapassados modelos das classes “Foxtrot”, “Tango” e “Whisky”.

Embora sejam navios relativamente modernos, e com capacidade para o lançamento de torpedos modernos e mísseis anti-navio, eles não são no entanto o mais moderno modelo de submarino presentemente produzido pela marinha da Rússia, que é o “Lada/Amur” também conhecido como projeto 677 ou 1650.

A Rússia tem um numero de submarinos do tipo Kilo mais antigos que foram desativados. Esses navios, são do modelo/série 877.

Está disponível para instalação nos submarinos Kilo mais antigos, uma modernização conhecida como EKM, que tem como objetivo converter os submarinos Kilo-877 em submarinos Kilo-636 (mais modernos).

A modernização EKM é uma espécie de MLU [1] dos submarinos Kilo.

Várias notícias apontaram no sentido de a Rússia ter tentado vender à Venezuela alguns dos seus submarinos mais antigos da classe 877, com o Kit EKM, ou seja, um Kilo-MLU como submarino interino, até ao fornecimento de unidades mais avançadas.

Inicialmente, a marinha da Venezuela terá demonstrado interesse no submarino mais moderno da Rússia, o Lada/Amur, mas os estaleiros Admiralteyskiye Verfi de St. Peterburg, onde este modelo é fabricado, não parecem ter a capacidade suficiente para responder às encomendas, por estarem neste momento envolvidos no programa de fabrico de submarinos daquele tipo para a marinha russa e no teste dos seus sistemas, os quais não estão ainda completamente implementados.

Chavez parece ter urgência e por isso a solução parece ser a produção de submarinos do modelo mais antigo Kilo/636, os quais são relativamente modernos e têm grande parte das capacidades dos modelos Lada/Amur, sendo fabricados nos estaleiros de Komsomolsk-na-Amur, Nizny-Novgorod ou ainda nos estaleiros SEVMASH de Severodvinsk no extremo oriente.

No entanto, além do fornecimento de dois submarinos Kilo/636, a Rússia estará a negociar com a Venezuela o fornecimento de pelo menos uma unidade do mais antigo Kilo/877, com kit EKM.

Como esta modernização pode ser feita com mais rapidez, isto permitiria à Venezuela receber rapidamente o primeiro navio e dar inicio tão depressa quanto possível a toda uma “escola” baseada em navios de proveniência russa.

Capacidade da marinha da Venezuela.

Não sendo um submarino especialmente sofisticado, o Kilo/636 (quer seja fabricado novo, quer seja um 877 com MLU[1]) tem capacidades acrescidas.

Quer o Kilo/636 quer o Kilo/877MLU têm capacidade para o lançamento do míssil anti-navio SS-M-27 do tipo 3M54E “Sizler”, que pode ser lançado de submarinos e também do torpedo/míssil baseado na mesma família, mas do tipo 91RE2.

Armas como o 3M54E, lançadas a partir dos tubos de torpedos, podem ter um alcance máximo de 300 Km, embora o seu alcance efetivo seja desconhecido.

São mísseis que no entanto necessitam de apoio de radar, para atingir o alvo na fase final de lançamento, o que pode eventualmente levar a que a posição do submarino seja conhecida, nomeadamente se a marinha da Venezuela enfrentar um potencial inimigo armado com meios sofisticados de luta anti-submarina, como aeronaves do tipo P-3.

Embora não sejam submarinos dos mais sofisticados, os submarinos Kilo modernizados vão estar entre os mais sofisticados da América Latina, ao nível dos Scorpene chilenos ou dos U-209 brasileiros que deverão ser submetidos também a um programa de modernização.

Os submarinos do tipo Kilo, estão disseminados por vários países do mundo, estando ao serviço em países como a Argélia, o Irã, a China e a Índia.

Neste último país, foram recentemente feitas criticas aos sistemas dos submarinos Kilo, alegadamente por dificuldades da indústria naval russa em responder às necessidades de manutenção dos dez submarinos Kilo da marinha indiana, classe “Sindhughosh”.


[1] MLU – Mid-Life Update ou modernização de meia vida é um termo muitas vezes utilizado para designar um programa de modernização de um equipamento mais antigo, colocando-o ao nível de equipamentos novos.

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