Brasil descarta o F-35

Ministro brasileiro acha avião bom, mas muito caro.


Área Militar

Segundo foi noticiado pela imprensa brasileira, o ministro da defesa brasileiro Nelson Jobim, descartou a possibilidade de o Brasil vir a adquirir aeronaves de origem norte-americana, para substituir as aeronaves presentemente ao serviço na Força Aérea Brasileira.


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F-35 Lightning II | Reprodução

Segundo as mesmas fontes, os Estados Unidos terão proposto ao Brasil a discussão da eventual venda de caças do tipo F-35 para a Força Aérea Brasileira.

Jogou contra qualquer entendimento com os norte-americanos, a tradicional restrição à exportação de tecnologias que os Estados Unidos consideram estratégicas, bem como a impossibilidade de as industrias brasileiras terem acesso aos sistemas electrónicos e software da aeronave.

O preço apontado pelo ministro, em torno da 60 milhões de dólares, é o preço que presentemente é apontado como custo unitário da aeronave por parte dos fuzileiros navais dos Estados Unidos, mas a preços de 2002, o que quer dizer que o valor mais baixo previsto para a aeronave estará em volta dos 72 milhões de dólares. Mas vários estudos recentes, apontam para um descarrilamento dos custos do F-35 por várias razões, entre as quais a dependência da moeda europeia, onde são fabricados parte dos componentes e onde a uma parte considerável da aeronave é desenhada.

O Brasil tem planos para incrementar as capacidades de defesa do país, recorrendo a parcerias que impliquem a transferência de tecnologia para empresas brasileiras, que assim beneficiariam da transferência tecnológica para poder desenvolver a partir daí os seus próprios sistemas ou plataformas, conforme o Brasil fez nos anos 70, com a adaptação de vários sistemas do tempo da II guerra mundial.

Problemas

Os objectivos brasileiros no que respeita à política de defesa, apresentados por Nelson Jobim, têm no entanto esbarrado em vários obstáculos, entre os quais está o facto de o Brasil estar interessado em tecnologias e sistemas, que ninguém quer transferir completamente.

Mesmo o país mais liberal nesse campo, a Rússia, que durante muito tempo efectuou transferências de tecnologia sem problemas e restrições, encontra-se neste momento com o problema de ter que enfrentar a industria chinesa que se encontra em claro processo de modernização, utilizando a transferência de tecnologia russa como trampolim, apresentando produtos no mercado internacional em situação de concorrência. Também segundo fontes russas, aquele país europeu recusou recentemente colaborar no eventual desenvolvimento do projecto brasileiro de submarino nuclear, tendo encontrado as mesmas reticências por parte da França.

O Brasil já parece ter dominado a construção do sistema propulsor, mas está muito longe de conseguir de facto desenhar um submarino de raiz sem o auxílio de países que já dominem todo o processo de construção.

O ministro brasileiro esteve a bordo de um submarino nuclear dos Estados Unidos, que foi considerado demasiado grande para os objectivos brasileiros, embora a aquisição de tais sistemas aos Estados Unidos nunca tenha sido cogitada.

Já na área da construção de aeronaves, os objectivos brasileiros parecem passar por tentar adquirir aeronaves que possam permitir ao Brasil o desenvolvimento autónomo dos seus sistemas.

Ocorre que presentemente, os segredos mais bem guardados dos novos equipamentos são não só os sistemas de hardware, como acima de tudo o software. No caso dos Estados Unidos, a principal recusa do país, está na venda de sistemas com acesso «aberto» ao software e aos vários módulos que estabelecem a ligação entre os processadores centrais e os restantes sistemas da aeronave, especialmente os radares e os sistemas que permitem comunicações e transferência de dados entre a aeronave e os centros de comando, os mísseis depois de lançados e as outras aeronaves do mesmo tipo que estiverem a cumprir uma missão.

Outras possibilidades?


Curiosamente, a rejeição por parte do ministro brasileiro da aquisição das aeronaves mais sofisticadas dos Estados Unidos, não parece pelo menos em principio ter descartado a possibilidade de pensar em outras opções, inclusive dentro dos próprios Estados Unidos, onde um país como a Índia está a analisar a possibilidade de adquirir aeronaves F-16 de modelos avançados, embora as restrições norte-americanas também sejam um problema.

Neste aspecto, o posicionamento estratégico do Brasil, como país daquilo que se convencionou chamar como mundo ocidental, torna completamente desaconselhável opções por sistemas de origem russa ou chinesa, que não são do agrado da Força Aérea Brasileira, deixando como opções ou os Estados Unidos ou os fabricantes europeus, onde a França aparece à cabeça.

Mas o acesso às últimas tecnologias, sejam elas europeias ou norte-americanas é pelo menos para já difícil, pois esse acesso implica o pagamento de uma quota-parte do caríssimo desenvolvimento dos sistemas, preço que o governo brasileiro não parece estar disposto a pagar. Considerando os últimos dados conhecidos, o governo do Brasil tem um dilema cuja resolução se apresenta difícil.

Ou aceita algum tipo de controlo ou exclusão de uso de tecnologias por parte dos fabricantes, ou então terá que se restringir à operação ou fabrico de aeronaves de segunda linha, quando alguns dos seus vizinhos se armam com equipamentos mais sofisticados.

A afirmação por parte do ministro brasileiro de que o F-35 era demasiado sofisticado para as necessidades do Brasil, pode ser vista como uma declaração que confirma esta última possibilidade.

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