Militares colombianos tomaram aulas de teatro antes de resgate


Por Hugh Bronstein

BOGOTÁ (Reuters) - Funcionários da inteligência colombiana tomaram aulas de teatro em parte dos preparativos para o resgate de Ingrid Betancourt e de outros 14 reféns, colocando camisetas de Che Guevara e fingindo serem esquerdistas dispostos a ajudarem os insurgentes.

O líder da missão de resgate posava como membro italiano de um grupo fictício, oferecendo transporte para os reféns por helicóptero para uma reunião com um importante chefe da guerrilha.

As semanas de ensaios que ele fez -- junto de outros agentes que atuaram como jornalistas e médicos -- o tornaram tão convincente que ele persuadiu um insurgente a entregar sua pistola antes de entrar a bordo.

O pseudo repórter e o falso cameraman irritaram o comandante da unidade da guerrilha, que se recusou a dar uma entrevista na selva apesar dos pedidos.

Se a interpretação tivesse sido ruim, os agentes arriscariam mais do que críticas negativas. Os guerrilheiros poderiam tê-los sequestrado ou fazer pior caso descobrissem a farsa.

O ministro da Defesa, Manuel Santos, disse a jornalistas na sexta-feira que os militares estudaram bastante filmes de libertações de reféns neste ano para determinar o quanto poderiam fazer para os guerrilheiros cooperarem com o seu plano secreto.

"Isso foi mais do que uma operação de inteligência do que uma operação militar", disse ele, ao apresentar o vídeo da operação.

Os helicópteros foram pintados de branco e vermelho para parecer os utilizados em missões anteriores lideradas por grupos humanitários.

Já no ar, os dois rebeldes a bordo foram rendidos e amarrados enquanto os reféns, incluindo três norte-americanos e 11 soldados e policiais colombianos, ouviram que estavam livres.

O vídeo mostra os reféns de mãos atadas com algemas de plástico no momento em que com irritação entravam na aeronave.

A idéia de algemar os reféns veio dos militares, para obter credibilidade com os rebeldes. Um agente de inteligência agiu como árabe e outro como australiano, para manter uma aparência internacional para o grupo.

Um refém norte-americano, aparentemente Keith Stansell, irritado por estar sendo algemado, se inclinou para a câmara e gritou antes de entrar na aeronave. Ele não sabia que estava a minutos de ser libertado dos acampamentos onde passou anos.

Ele foi capturado junto de Thomas Howes e Marc Gonsalves depois de a aeronave onde estavam se acidentar na selva do sul da Colômbia durante uma missão anti-drogas em 2003.

Eles e Betancourt, uma franco-colombiana capturada durante sua campanha presidencial em 2002, eram os principais atrativos dos rebeldes para uma possível troca de prisioneiros com o governo.

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