Plano de Defesa vai arbitrar "papel policial" das Forças

Papel da instituição no combate ao crime será mais detalhado, afirma ministro

Plano seria divulgado ontem, conforme promessa feita há um ano, mas o lançamento foi adiado; reunião definirá nova data



LETÍCIA SANDER, IURI DANTAS e MARIA LUIZA RABELLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O novo Plano Estratégico de Defesa Nacional vai trazer uma regulamentação "mais precisa" sobre o papel das Forças Armadas no combate ao crime, informou ontem o ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) logo após o desfile de Sete de Setembro em Brasília.

"Operações em garantia da lei e da ordem fazem parte da missão constitucional das Forças Armadas, e abordamos no plano a necessidade de regulamentar com mais precisão esse mandato constitucional", declarou Unger, acrescentando ser fundamental que não se confunda a tarefa dos militares com a dos policiais.

O Plano Estratégico de Defesa seria divulgado ontem, conforme promessa feita há um ano, mas o lançamento foi adiado. Reunião amanhã no Planalto definirá a nova data.

Os três eixos do plano são o reaparelhamento das Forças Armadas, a reconstrução da indústria bélica nacional e a discussão sobre a composição das Forças, com alterações no serviço militar obrigatório.

Segundo Mangabeira, co-responsável pela elaboração do projeto, há consenso entre civis e militares de que o serviço obrigatório "deve ser mantido e aprofundado".

O ministro afirmou que já espera críticas ao plano. "Vão acusá-lo de ser um desperdício de dinheiro e um instrumento à corrida armamentista." Sobre o reaparelhamento das Forças, disse que o governo vai "qualificar as Forças Armadas em todos os sentidos". "Não seremos os mais poderosos, sejamos os mais audaciosos e imaginativos", frisou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a primeira-dama, Marisa Letícia, e um neto, Ashtar, 7, estavam na primeira fila da cerimônia na Esplanada dos Ministérios, ao lado da presidente Cristina Kirchner, da Argentina. Fábio Luiz Inácio Lula da Silva, o Lulinha, também subiu no palanque.

Pelo menos 15 ministros assistiram ao desfile na arquibancada das autoridades, entre eles protagonistas dos episódios de grampos ilegais, como Tarso Genro (Justiça), Nelson Jobim (Defesa) e o general Jorge Armando Felix (Gabinete de Segurança Institucional).

Alvo de grampo, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, estava próximo a Lula, assim como o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza.

O episódio dos grampos foi tema de conversas entre as autoridades no palanque, mas, ao final, até o ministro Jobim recusou-se a comentar o tema.

"O assunto está encerrado. É exclusivamente para o inquérito [da Polícia Federal]. O ministro da Defesa não tem nada a dizer a respeito", declarou.

Sete de Setembro

A festa deste ano em Brasília custou R$ 1,6 milhão - 26% a menos do que no ano passado. Foi marcada por muito calor, protestos discretos e um público abaixo do esperado - cerca de 35 mil pessoas, segundo a PM, contra a expectativa de 50 mil. Representantes do Sindicato dos Servidores Civis nas Forças Armadas levaram às arquibancadas faixas cobrando equiparação com os salários dos militares.

1 Comentários

  1. Já vimos essa história de adiamento de decisões antes. Lembram do Programa FX, adiado por FHC e, depois, encerrado por Lula?

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