Tropa federal chegará ao Rio em sete dias

Militares vão atuar em 17 comunidades e podem atirar

Karla Correia
BRASÍLIA

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, confirmou ontem o envio de um contingente das Forças Armadas ao Rio de Janeiro para dar mais segurança ao processo eleitoral na capital. De acordo com o ministro, o Exército destinará, em no máximo uma semana, entre 450 e 900 homens por dia para a operação, que contará ainda com auxílio das polícias Civil e Militar do Estado.

A Justiça Eleitoral pediu a presença de tropas federais na cidade por conta da ação de grupos de traficantes e milícias, que têm impedido candidatos à prefeitura carioca de fazer campanha eleitoral em diversas comunidades do Rio e intimidado assessores e jornalistas que acompanham os políticos em caminhadas pela cidade.

Em reunião com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, e com o comandante do Exército, Enzo Peri, Jobim informou que seria impossível atender à demanda do tribunal por uma ocupação simultânea e contínua das comunidades em situação de risco, o que demandaria o envio de cerca de 30 mil homens para a operação. Na estratégia desenhada pelo ministro da Defesa, as tropas se revezarão entre as 17 localidades da cidade determinadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado (TRE-RJ), segundo ordem de prioridade determinada pelo próprio tribunal. A previsão é de que o tribunal regional divulgue hoje essas normas. Por medida de segurança, a relação de comunidades do Rio que receberão a operação será mantida em sigilo até o início da operação.

Limites definidos pelo TSE

O TSE ficará encarregado de definir as "regras de engajamento" da operação. No jargão militar, isso significa impor limites de ação para cada soldado integrante do contingente enviado ao Rio.

Politicamente, o cuidado se justifica pelo constrangimento causado ao Exército no episódio do Morro da Providência, em junho, quando militares encarregados da segurança de uma obra entregaram três jovens a um grupo de traficantes do Morro da Mineira, dominado por facção rival. Os jovens foram mortos.

– O que precisa ficar claro é que o soldado tenha no bolso, durante a operação, o que ele pode fazer e suas limitações. Pode dar tiro? Pode prender? Isso tem que ser definido pela Justiça Eleitoral – disse Jobim.

Na semana passada, Jobim disse que o Exército não vai acompanhar candidatos em campanha no Rio. Ele esclareceu que o envio de tropas à cidade tem o objetivo de garantir a segurança do eleitor, e não dos políticos. A decisão, segundo Jobim, é para evitar que os candidatos façam uso eleitoral da tropa. Segundo Jobim, os candidatos que se sentirem inseguros para fazer campanha em determinados locais devem buscar meios próprios para se proteger.

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