'Guerra' começa nos céus do RN

Operação deverá contabilizar 120 manobras, entre pousos e decolagens, aumentando o tráfego de vôos no Aeroporto Augusto Severo



Leonardo Dantas

A população natalense sentirá, a partir de amanhã, os efeitos da Operação Cruzeiro do Sul (Cruzex IV), com o início dos combates aéreos simulados, no interior do Rio Grande do Norte e Estado, entre o Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Pernambuco. Ao todo, a direção do exercício aguarda, diariamente, 120 pousos e decolagens, apenas no Aeroporto Internacional Augusto Severo, em Parnamirim.

O co-diretor da Cruzex, brigadeiro-do-ar, Antônio Egito, adianta que, desde o primeiro dia do mês, diversas etapas foram cumpridas: planejamento inicial, acomodação e vôos de familiarização. De acordo com ele, os pilotos da Força Aérea Brasileira (FAB) já acumulam cerca de 400 horas de vôo, só com a Cruzex, desde o desembarque de suas unidades até a chegada à Base Aérea de Natal. "Voar é o melhor adestramento para o piloto e a Cruzex proporciona isso, sendo o maior exercício da FAB. Nestes três primeiros dias os pilotos se familiarizaram com a região, conhecendo onde irão voar e "combater". Eles vão voar em grupos, com militares de outros países e numa região desconhecida, por isso o treinamento. Numa situação real de conflito isso acontece de verdade", diz o co-diretor. Dentro do ambiente simulado, o brigadeiro Egito conta que o 'Estado Maior da Força Aérea' já está em alerta, já tendo sido enviado as advertências ao país 'Vermelho' - o invasor na guerra fictícia. Apesar disso, o militar compara o momento com uma situação real, descrevendo a advertência, como se a Organização das Nações Unidas (ONU) estivesse envolvida na ameaça de conflito e a frente de uma ação de coalizão - composta por cinco países e coordenada pelo país 'Azul', que poderia ser o Brasil. "O inimigo sabe que se não deixar o território invadido, sofrerá retaliação. Estamos em alerta. A qualquer momento, poderemos atacar ou sermos atacados", revelou o brigadeiro da FAB.

VÔO DA IMPRENSA

Na tarde de ontem, a direção-geral da Cruzex reuniu a imprensa local, nacional e internacional, para apresentar o exercício e as aeronaves. Às 14h, cerca de 60 profissionais da imprensa embarcaram numa aeronave da FAB, modelo C-130 Hércules, para um vôo de 40 minutos, quando as cinco principais aeronaves a operação foram apresentadas em vôo: Os caças F-16 (Venezuela), Mirage 2000 (França), A-1 (Brasil), F-5 (Chile) e o A-38 Dragonfly (Uruguai). De acordo com o piloto da aeronave, coronel Alexandre Prado, a aeronave se dirigiu em direção ao norte do RN, próximo ao município de Barra de Maxaranguape, a 10 mil pés de altura (3km), voando a uma velocidade de até 600km/h. A aeronave, utilizada por 50 países distintos, mede cerca de 30 metros de comprimento, 11 metros de altura e 40 metros de asa, com capacidade para levar 90 soldados ou 64 pára-quedistas. "Normalmente usamos a aeronave no transporte de tropas ou suprimentos, por se tratar de um avião de carga. Hoje tivemos a companhia da imprensa que pôde conhecer um pouco da rotina da tripulação", disse o piloto que chegou a pilotar o avião a 100 m das aeronaves de caça.

Além da imprensa local, o 'Media Day' atraiu, também, a imprensa internacional e especializada em aviação. Entre eles, o fotógrafo holandês, Cees Jan Van der Ende, conhecido como 'CJ', disse a O Jornal de Hoje que as fotos feitas no RN tiveram excelente qualidade, se referindo à grande variedade de aeronaves, emolduradas pela paisagem potiguar. "Passei toda a minha vida fazendo isso, adoro voar e fotografar. Esse tipo de foto tem uma boa aceitação em todo o mundo", conta o holandês.

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