EUA: imigrantes reforçarão Forças Armadas

Portadores de vistos temporários que morem nos EUA há pelo menos dois anos poderão ganhar cidadania, caso se alistem


Julia Preston

WASHINGTON. Exauridas pelas guerras no Afeganistão e Iraque, as Forças Armadas americanas vão começar a recrutar imigrantes qualificados que vivem no país com vistos temporários, oferecendo a eles a chance de se tornarem cidadãos americanos em um prazo tão curto como seis meses.

Os imigrantes que são residentes fixos no país, com green cards, já são qualificados para alistamento há tempos. Mas o novo esforço, pela primeira vez desde a Guerra do Vietnã, vai abrir espaço nas Forças Armadas para imigrantes temporários, caso eles morem nos Estados Unidos há pelo menos dois anos.

Recrutadores esperam que os imigrantes temporários tenham mais instrução, habilidades em línguas estrangeiras e experiência profissional que muitos americanos que se alistam. Isso ajudaria as Forças Armadas a preencher vagas em equipes médicas, de intérpretes e em setores de inteligência.

— O Exército americano atua em vários países onde a a consciência cultural é importante — diz o general Benjamin Freakley, o principal recrutador do Exército, que comanda o programa piloto.

O programa começará pequeno — limitado a mil recrutas no país inteiro durante o primeiro ano, a maioria para o Exército e alguns para outros setores. Se o programa piloto for bem-sucedido, como os representantes do Pentágono preveem, ele será expandido para todas as divisões das Forças Armadas.

Para o Exército, ele poderia fornecer até 14 mil voluntários por ano, ou cerca de um a cada seis recrutas. Cerca de 8 mil imigrantes permanentes, com green cards, entram para as Forças Armadas americanas anualmente, segundo o Pentágono, e quase 29 mil estrangeiros atualmente em serviço não são ainda cidadãos americanos.

Embora o Pentágono tenha autoridade para recrutar imigrantes desde logo depois do 11 de Setembro, os militares têm atuado cautelosamente para construir as bases legais do programa de imigrantes temporários e assim evitar polêmicas internas e entre os veteranos diante da perspectiva de uma adesão em massa de imigrantes.

A divulgação do programa, no ano passado, suscitou uma leva de comentários irados de militares na ativa e veteranos no site Military.com. Marty Justis, diretor da American Legion, a organização dos veteranos, disse que enquanto uma parcela do grupo se opõe “a qualquer grande afluxo de imigrantes”, eles não discordam do recrutamento de imigrantes temporários, desde que eles passem por minuciosas avaliações.

Nos últimos anos, milhares de recrutas foram recusados

Imigrantes ilegais, que não podiam se alistar, continuam sem o direito. Segundo os recrutadores, voluntários com vistos temporários já terão passado por um pente-fino e terão mostrado que não têm antecedentes criminais.

Nos últimos anos, quando as Forças Armadas americanas combatiam em duas guerras e havia dificuldades para alcançar as metas de números de recrutas, milhares de imigrantes com vistos temporários tentaram se alistar e foram recusados por não terem green cards. O trabalho de recrutamento ficou mais fácil nos últimos meses, quando o desemprego cresceu e mais americanos procuraram a carreira militar. Mas o Pentágono ainda tem dificuldade em atrair médicos, enfermeiras e especialistas em idiomas.

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