Explosão fecha rota para o Afeganistão

Taleban explode ponte na principal rota afegã-paquistanesa, por onde passam 75% dos carregamentos da Otan e dos EUA Militares paquistaneses improvisam para permitir o fluxo por Khyber; EUA cortejam a Ásia Central como alternativa logística DA REDAÇÃO

Combatentes do Taleban explodiram uma ponte na passagem de Khyber, noroeste do Paquistão, fechando a principal rota usada para abastecer a Otan (aliança militar ocidental) e os Estados Unidos no Afeganistão. A Otan descartou risco de desabastecimento das tropas. "Nossa logística é suficiente para atender nossas necessidades", disse o comandante Mark Later, um porta-voz da organização em Cabul.

A ponte de ferro, a 23 quilômetros de Peshawar, principal cidade da região, foi alvejada na madrugada de ontem. Não há previsão para a conclusão dos reparos.

Obra emergencial está sendo realizada para permitir que veículos cruzem o canal sob a ponte, seco, e retornem à estrada. Segundo Saed Ali, supervisor do trabalho executado por militares paquistaneses, o caminho improvisado pode ser aberto ainda hoje a caminhões.

Cerca de 75% dos suprimentos destinados às tropas estrangeiras no Afeganistão cruzam o território paquistanês. Os carregamentos militares chegam em navios, geralmente em Karachi, sul do Paquistão, e são levados por caminhões até o país vizinho. A maioria passa pelo desfiladeiro de Khyber, na montanhosa área tribal, uma zona semiautônoma onde há precária presença estatal.

Relativamente segura nos primeiros anos da ofensiva no Afeganistão, lançada em 2001, a passagem de Khyber tornou-se alvo preferencial do Taleban. Motoristas passaram a evitar a rota no final do ano passado, temendo a violência.

A presença militar paquistanesa na área foi intensificada nos últimos meses, em resposta aos crescentes ataques do Taleban contra comboios militares que passam a caminho do Afeganistão. A escolta militar, porém, não pôs fim aos ataques.

Em dezembro, a passagem de Khyber foi fechada temporariamente, durante ofensiva lançada por militares paquistaneses contra os insurgentes islâmicos. Naquele mês, a violência na rota atingiu seu pico, com seis ataques a carregamentos militares e mais de 300 veículos destruídos. Encruzilhada logística

Acuado na sua principal rota logística, o Pentágono procura caminhos alternativos de acesso ao Afeganistão. O general David Petraeus, chefe de operações militares dos EUA na Ásia Central e Oriente Médio, afirma que estão em andamento acordos para estabelecer novas rotas via Ásia Central. Detalhes sobre as negociações não foram informados.

Metade do combustível destinado às tropas estrangeiras já passa pelo território de ex-repúblicas soviéticas, que fazem fronteira com o Afeganistão ao norte. Há, porém, restrições ao transporte de equipamento militar. A posição da Rússia é considerada crucial para as negociações na Ásia Central, ainda sob influência do Kremlin.

A solução da encruzilhada logística é crucial para os planos americanos de aumentar o contingente no Afeganistão. Os EUA têm cerca de 31 mil soldados no país – 14 mil sob bandeira da Otan, cujo contingente passa de 50 mil. O Pentágono planeja aumentar o número de seus militares em pelo menos 20 mil, o que intensificará a demanda por suprimentos. A estratégia tem apoio do presidente Barack Obama. Com agências internacionais

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