Irã critica estratégia dos EUA

Comentários sobre plano para o Afeganistão acontece um dia depois de teste de míssil



O ministro de Assuntos Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, criticou a estratégia dos Estados Unidos no Afeganistão, e não esclareceu se Teerã aceitará o convite da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, para participar da cúpula sobre este país, prevista para abril. A crítica acontece um dia depois de a rede de televisão estatal iraniana informar que Teerã testou um novo míssil de longo alcance – notícia que deve agravar a tensão entre o governo iraniano e os países ocidentais, que criticam as intenções militares do programa nuclear do país.

O Irã frequentemente usa manobras militares ou testes de armas para mostrar sua capacidade de conter ataques inimigos, inclusive de Israel e dos Estados Unidos, que acusam o país de tentar desenvolver bombas nucleares. Teerã nega as acusações.

"Irã testa novo míssil de longo alcance", anunciou reportagem da Press TV, rede de televisão iraniana, sem dar detalhes.

A notícia foi divulgada menos de uma semana depois de um militar iraniano de alto escalão afirmar que os mísseis do país agora podem atingir instalações nucleares israelenses.

– Todas as instalações nucleares em diferentes partes da terra sob ocupação do regime sionista estão ao alcance de mísseis do Irã – disse o comandante-em-chefe da Guarda Revolucionária, Mohammad Ali Jafari, de acordo com a agência de notícias Isna.

O teste foi anunciado aparentemente ignorando os esforços do presidente americano, Barack Obama, de reintegrar o Irã na comunidade internacional com diálogos diplomáticos. Obama afirmou que está disposto a dialogar com o país caso Teerã "abra o punho" primeiro.

Segundo a agência iraniana Fars, o míssil de fabricação própria poderia alcançar 110 km e foi desenhado para atingir alvos navais. Os EUA não comentaram o teste. Para Andrew Brookes, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, o disparo é um sinal de que Teerã pode interromper o fluxo de exportações de petróleo no Golfo Pérsico se for atacada:

– Isso sim seria assustador para o Ocidente e para o Oriente Médio.

A Press TV, citando o ministro de Defesa do país, afirmou ainda que Teerã foi bem sucedido em armar alguns de seus jatos com mísseis de longo alcance.

Irã já alertou que responderá a qualquer ataque dos EUA ou de Israel e que fechará o estreito de Hormuz, caminho entre o Golfo e o Mar de Omã pelo qual passam cerca de 40% do petróleo comercializado no mundo.

Críticas aos EUA

Mottaki disse que a estratégia americana para o Afeganistão deve ser modificada, já que até o momento só conduziu ao fracasso, mas não explicou em quê.

– Analisando a situação atual, vemos que não só os problemas não foram solucionados como a situação piorou. Os EUA falam de uma mudança de estratégia, mas nós não sabemos do que se trata – insistiu.

O chefe da diplomacia iraniana comentou no sábado que seu país ainda não tomou uma decisão definitiva sobre o convite dos Estados Unidos, entendido pelos analistas como o início da nova política de aproximação anunciada pelo presidente americano, Barack Obama.

Washington e Teerã romperam seus laços diplomáticos em abril de 1980, quando, após a Revolução Islâmica, partidários do aiatolá Khomeini cercaram a embaixada dos Estados Unidos e fizeram 52 americanos reféns por 444 dias.

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