Exército simula em SP situações de distúrbio

Damaris Giuliana – O Estado de SP

Começa hoje o Exercício Anhanguera - Operação Massaguaçu. Durante dez dias, 2.500 homens do Exército se espalharão por 11 cidades do Estado de São Paulo para o treinamento de garantia da lei e da ordem (GLO). Eles participarão de 600 simulações, com 300 figurantes militares, prevendo situações de distúrbio.

Viaturas, helicópteros e soldados com fuzis simularão patrulhamento ostensivo, escolta, reintegração de posse, busca e apreensão, blitze e outras atividades. O cenário pode parecer hostil aos moradores de Bertioga, Caraguatatuba, Jambeiro, Natividade da Serra, Paraibuna, Redenção da Serra, Salesópolis, Santa Branca, São Luiz do Paraitinga, São Sebastião e Ubatuba, mas a ideia "não é causar distúrbio na vida da população", afirma o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, comandante da 2ª Divisão de Exército. O objetivo é preparar os militares para que tenham condições de "restabelecer a normalidade".

O emprego das Forças Armadas na GLO depende de ordem do presidente da República, sob a condição de o governador do Estado dizer que seus meios são "indisponíveis, inexistentes ou insuficientes".

Para o cientista político Flávio Rocha Oliveira, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, é difícil que os militares sejam empregados dessa forma, pois o custo político é elevado e a polícia passaria a responder ao Exército. "Ele (governador) está dizendo que perdeu o controle sobre a própria força repressiva."

A regulamentação do uso das Forças Armadas nesse tipo de situação está prevista na Estratégia Nacional de Defesa, mas ainda não há um projeto de lei. "A principal preocupação é deixar claras as exigências legais para o emprego de tropas nessas circunstâncias e dar garantias legais aos militares envolvidos", diz o assessor de comunicação do Ministério da Defesa, José Ramos Filho. De acordo com o professor Oliveira, uma das possibilidades debatidas seria o Exército dar apenas apoio logístico à Polícia Civil, evitando o desgaste.

Para conquistar a opinião pública, durante o treinamento o Exército realiza operações na área social e sanitária, tais como triagem médica e odontológica e trabalho preventivo contra dengue e gripe suína.

Os custos do treinamento não foram revelados. O Exército relata dificuldade em calculá-los porque muitos dos gastos independem da operação. Entretanto, a instituição confirmou o aluguel de celulares e o consumo de 90 mil litros de combustível, sem specificar valores nem fornecer detalhes sobre contratos.

 

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