Akaer fornecerá componentes para o Gripen

Fabricante cria holding e faz acordo com o grupo sueco Saab, que monta a nova versão do caça Virgínia Silveira, de São José dos Campos A Akaer, fornecedora de estruturas integradas de aeronaves, está concluindo a montagem da arquitetura industrial de uma nova holding - a T1 - da qual também participam as empresas Friuli (usinagem), Winnstal (montagem), Minoica (suprimentos e logística) e Imbra Aerospace (peças em material composto), com o objetivo de se tornar uma fornecedora mundial de estruturas. O ponto de partida foi viabilizado esta semana, através de uma parceria com o grupo sueco Saab. Com isso, a T1 será a fornecedora global de segmentos estruturais do novo caça Gripen NG, que está em fase de desenvolvimento e já tem um protótipo demonstrador de conceito. O modelo também é um dos caças que disputam o contrato F-X2, que prevê o fornecimento de 36 aeronaves supersônicas de última geração para a Força Aérea Brasileira (FAB). A parceria com a Akaer, segundo o diretor da Saab no Brasil, Bengt Janér, não está vinculada ao projeto F-X2 e será exercida mesmo se a empresa não for a vencedora da concorrência para o governo brasileiro. Para ser escolhida como provedora do programa do Gripen NG, de acordo com Janér, a Akaer passou por um processo rigoroso de seleção, do qual participaram empresas indianas, européias e sulafricanas. O contrato com a Saab deve ser assinado em outubro deste ano. A empresa brasileira será a responsável por toda a parte de concepção, projeto, cálculos, engenharia de produção e produção da fuselagem central , da fuselagem traseira e das asas, feitas em material composto, do novo Gripen NG. "Esta será a primeira vez que uma empresa do hemisfério sul participará de forma efetiva do desenvolvimento de uma caça supersônico", ressalta o diretor executivo da Akaer, César Augusto da Silva . A idéia da holding , segundo Silva, é formar um novo pólo aeronáutico no Brasil na área de desenvolvimento da inteligência e do ciclo de produção de aeronaves e não apenas o fornecimento de peças. "A parceria com a Saab pode representar um grande salto tecnológico, com o mesmo significado que o AMX teve para a Embraer, capacitando as empresas brasileiras em novas tecnologias e criando um fornecedor de classe mundial em estruturas dentro do país". O diretor da Akaer prevê faturamento de US$ 500 milhões para a holding em quatro anos e a possibilidade de dobrar o número de funcionários, somente da Akaer, a partir de 2010. "Em 2011, esperamos triplicar a nossa mão de obra, tendo em vista que já estaremos trabalhando também em outros programas como o do helicóptero EC -725, que será fornecido pelo grupo europeu Eurocopter para as Forças Armadas brasileiras". A Akaer, que foi a responsável por 70% do desenvolvimento da fuselagem dos jatos 190 da Embraer, também tem contrato com a Boeing, Dassault e Airbus na área de desenvolvimento estrutural e de serviços de engenharia. "Somos parceiros do grupo espanhol Aernnova (antiga Gamesa) no desenvolvimento das asas e de partes da fuselagem do novo jumbo 747-800 da Boeing, tanto a versão cargueira como a de passageiros". O trabalho desenvolvido para a Embraer desde 1993, segundo Silva, foi a base para que a empresa tivesse o "know how" que possui hoje na área de estruturas e ampliasse seu mercado de atuação. "O objetivo da holding também é ampliar a capacidade de pequenas empresas do setor no Brasil para se tornarem fornecedoras internacionais, reduzindo a dependência da Embraer, que afeta os negócios do setor em períodos de crise". Até 2007, de acordo com o executivo, 90% do faturamento da Akaer dependia da Embraer. "Hoje, 30% da nossa receita vem dos contratos com a empresa", conta. A Embraer trabalha com cerca de 500 fornecedoras no Brasil. A holding, segundo Silva, cria uma alternativa de mercado mais estável para as empresas, inclusive com a possibilidade de se tornarem parceiras de risco nos projetos. A Embraer, diz, também tem interesse em dividir riscos no desenvolvimento dos seus programas para se tornar ainda mais eficiente. "A Embraer gasta muita energia para gerenciar os contratos com seus fornecedores de pequeno porte, que são estratégicos, porque apresentam custos competitivos, eficiência e qualidade".

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