Chávez: acordo pode levar a guerra regional

Morales diz que Uribe usa Farc para justificar presença de tropas dos EUA; governo chileno reconhece soberania colombiana

Janaína Figueiredo – Correspondente

BUENOS AIRES. Em meio à longa turnê do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, por vários países da região para explicar o acordo que seu governo está negociando com os Estados Unidos e que permitiria ao Pentágono a utilização de bases militares colombianas, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, assegurou que o entendimento poderia desencadear uma guerra na América do Sul e antecipou sua intenção de adquirir “vários tanques russos” numa próxima visita a Moscou.

— Estas bases poderiam ser o início de uma guerra na América do Sul. Trata-se dos ianques, a nação mais agressora da História da Humanidade — declarou o líder venezuelano.

O presidente — que semana passada congelou as relações econômicas e comerciais com a Colômbia após o governo Uribe ter informado sobre a descoberta de armas suecas compradas pela Venezuela em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) — disse que “em vez de mandar soldados, aviões, helicópteros e bombas para a Colômbia, (o presidente dos EUA, Barack) Obama deveria retirá-los”.

Uribe, que hoje será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já se reuniu com os presidentes do Peru, Alan García; do Chile, Michelle Bachelet; da Bolívia, Evo Morales; e ontem à noite com a argentina Cristina Kirchner. Em sintonia com Chávez, o presidente da Bolívia questionou o acordo entre a Colômbia e os EUA e acusou o governo Uribe de utilizar as Farc para justificar a presença de militares americanos em seu país.

— O que diziam os EUA antes de invadir o Iraque? Que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa. Onde estão? O objetivo era Saddam Hussein — argumentou Morales, que na próxima cúpula de presidentes da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), marcada para o dia 10 de agosto, em Quito, vai propor a assinatura de uma resolução em repúdio ao acordo.

Em Santiago, o governo Bachelet manifestou seu respeito à soberania colombiana para decidir sobre as bases em seu território, numa atitude que contrastou com as posições de Chávez e Morales.

A crise entre os países andinos levou o presidente colombiano a cancelar sua participação na cúpula da Unasul, na qual a Colômbia será representada por um funcionário de segundo escalão. O objetivo de Uribe é justamente reunirse com seus colegas sul-americanos antes da cúpula presidencial, para evitar uma declaração regional contra o acordo de seu país com o governo americano.

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