Unasul vai debater pacto militar EUA-Colômbia



Da Redação - A União de Nações Sul-Americanas (Unasul) debaterá amanhã, na cidade de Bariloche, na Argentina as consequências do acordo militar entre Colômbia e Estados Unidos, que aumentou tensões em uma região marcada por profundas diferenças políticas. A cúpula dos países da América do Sul é marcada por divergências existentes entre Colômbia e seus vizinhos Venezuela e Equador, em contraste com o tom moderado que buscam países como Brasil, Chile e Argentina.

– Vai ser um intercâmbio de opiniões, mas ninguém vai mudar de posição – previu Rubens Barbosa, ex-embaixador brasileiro em Washington e Londres. – Não será tomada nenhuma decisão porque há uma divisão grande na região. A Colômbia vai continuar com seu tratado e não vejo nenhuma saída para isso.

Espera-se que o presidente colombiano, Álvaro Uribe, dê detalhes na Argentina do pacto que permitirá a Washington usar sete bases militares no país andino.

– A Unasul pode ser, nesse momento, uma grande dor de cabeça para a Colômbia. Ela vai estar no banco dos réus – diz Vicente Torrijos, especialista em relações internacionais da Universidade de Rosario, em Bogotá.

O governo brasileiro antecipou que Uribe não será colocado na parede. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ainda que Bariloche será uma prova para a América do Sul. Ele também defende que Obama se envolva na questão.

Fronteiras com Brasil

Na última terça-feira, Brasil e Colômbia decidiram aprofundar a cooperação militar entre os dois países para tornar mais eficaz a luta contra o tráfico de drogas. Os ministros da Defesa da Colômbia, Gabriel Silva, e do Brasil, Nelson Jobim, se reuniram em Bogotá para falar sobre questões de segurança.

Os dois países compartilham uma fronteira de 1.645 quilômetros na floresta amazônica, onde se registrou a presença de guerrilheiros e de traficantes de drogas.

– Iniciamos um processo que deve levar muito em breve a termos um acordo mais amplo que nos permita fazer operações conjuntas maiores, trocar mais informação na fronteira, receber informações do sistema de radares e satélites do Brasil – disse o ministro colombiano.

O ministro colombiano acrescentou que a Colômbia também vai disponibilizar informação e capacitação aproveitando sua experiência na luta contra o narcotráfico. Silva disse que ele e Jobim analisaram o tema da Unasul como mecanismo e instrumento para tratar os temas que afetam a segurança e defesa da região.

– Falamos da necessidade de continuar com o plano de trabalho que já foi estabelecido na Unasul, gerando, por exemplo, grupos técnicos para observar todos os temas, armamentismo, tráfico de armas, narcotráfico, acordos bilaterais com terceiros países – disse. – Não temos que ter medo dos temas, tem que se estar disposto a tratar todos os temas.

A cúpula na Argentina acontecerá 15 dias após a última, realizada em Quito, que terminou sem maiores resultados e com a ausência de Uribe, que considera o Equador um território hostil após o rompimento entre os dois países provocado por um ataque colombiano a uma base guerrilheira em território equatoriano.

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