Escolha sairá até dezembro

Ministro da Defesa tem simpatia pela empresa da França
 
Jornal de Brasília

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem, em São José dos Campos, interior de São Paulo, que a compra dos caças do programa FX-2 para a Força Aérea Brasileira (FAB) deverá ser concretizada pelo governo até o fim desse ano.

Jobim participou da cerimônia de certificação do foguete sub-orbital VSB-30 e da queima do propulsor S40M no Departamento de Ciências e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). O foguete é o primeiro produto nacional submetido a esse tipo de procedimento no País.

O ministro demonstrou certa simpatia pela proposta da empresa francesa Dassault, que pretende vender ao Brasil o caça modelo Rafale, mas disse que ainda é cedo para qualquer avaliação. "A proposta dos Estados Unidos é problemática, pois os americanos não têm bons precedentes; os suecos querem vender um avião que não existe, com motor americano e peças de outros países", analisou, ao referir-se às ofertas das empresas Boeing, dos Estados Unidos, que fabrica o modelo F-18, e da sueca Saab, fabricante do caça Gripen.

DEMONSTRAÇÕES DA FRANÇA

Com relação à França, Jobim afirmou que o País já deu boas demonstrações na transferência de tecnologia para o Brasil, em negócios com submarinos e helicópteros. A transferência de 100% da tecnologia de fabricação dos aviões é fator primordial na escolha do fornecedor dos caças, conforme reforçou o ministro

Jobim informou ainda que o relatório final a ser preparado pela Aeronáutica deverá ser submetido ao Conselho Nacional de Segurança, depois de passar pela primeira fase, que está em curso, na qual serão avaliadas as propostas. Em seguida, irá para "análise estratégica e de conveniências políticas". O contrato para compra de 36 caças para a FAB é estimado em cerca de 4 bilhões de euros.

O comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Juniti Saito, acompanhou Jobim na visita, mas não quis comentar o assunto. As propostas das empresas Dassault (França), Saab (Suécia) e Boeing (EUA) foram apresentadas quarta- feira à Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados, sem a presença de representantes do Governo.

As três empresas estão divulgando nos últimos dias as vantagens que têm a oferecer ao governo brasileiro. Todas elas querem convencer as Forças Armadas de que não só têm o melhor avião para o Brasil, como também estão oferecendo vantagens adicionais.

As empresas têm contado com o apoio dos governos de seus países na disputa comercial. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, por exemplo esteve no Brasil e defendeu a empresa Dassault.

ANÁLISE

É salutar a concorrência. É normal que os governos sueco, francês e norte-americano se empenhem para que empresas de seus países ganhem a concorrência. O que se espera do governo brasileiro é que utilize bem o dinheiro público e adquira os aviões mais adequados às Forças Armadas, aproveitando ao máximo as ofertas dos vendedores. Especialmente, as que dizem respeito à transferência de tecnologia. Ninguém discute a necessidade de reaparelhamento da Força Aérea Brasileira. O que nenhum brasileiro suporta mais é ouvir que houve algum tipo de maracutaia na escolha desta ou daquela empresa fornecedora do governo. O que, quando acontece, gera enorme prejuízo para o erário – nada mais nada menos do que o dinheiro de todos os brasileiros.

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