França baixa preço de caças oferecidos ao Brasil

Empresários franceses dizem na Câmara que querem desenvolver tecnologia com o país e não só propor transferência

Tatiana Farah - O Globo

SÃO PAULO. Os franceses baixaram os preços do caça Rafale na contraproposta apresentada ao governo brasileiro para a venda de 36 aeronaves militares. Os preços agora estão próximos dos que são pagos pelas Forças Armadas da França, acrescidas as despesas de logística para trazer os equipamentos ao Brasil. O governo francês tem mais de 140 Rafale.

Executivos do consórcio Rafale International, formado pelas empresas Dassault Aviation, Snecma e Thales, estiveram anteontem na Câmara para apresentar a proposta aos deputados da Comissão de Ciência e Tecnologia. Os franceses prometem transferência total de tecnologia ao Brasil.

O documento já estaria assinado pelo presidente Nicolas Sarkozy e por altas patentes do governo francês. As empresas apresentaram ainda a proposta de cobrir em 160% o total dos gastos brasileiros com o programa militar, oferecendo 67 cartas de cooperação comercial e tecnológica. Nos mesmos moldes da concorrente sueca, a Saab, os franceses anunciaram que querem desenvolver tecnologia com o Brasil e não só propor transferência.

A Saab é o principal alvo dos franceses. Como os americanos da Boeing não têm como garantir a transferência de tecnologia, a França tem apresentado as diferenças entre as aeronaves Rafale e Grippen, da Suécia. As suecas custam metade do preço e têm uma turbina. Para os franceses, o cálculo a ser feito deve ser invertido: para fazer o trabalho de um Rafale, seriam necessários dois Grippen, já que um Rafale fica mais tempo no ar, leva mais armas e mais combustível.

Outro ponto que os franceses colocam a seu favor é que o Rafale pousa em porta-aviões, podendo ser usado pela Marinha. Segundo a Rafale International, os Grippen não têm essa facilidade. Já a favor dos suecos, contam o preço menor e os menores custos de manutenção. O consórcio francês informou que sua manutenção seria menor que a dos Hornet, da Boeing, pois suas aeronaves são mais leves. A Rafale rebateu as acusações de que seus caças nunca tenham sido testados em combate.

Segundo a empresa, há 75 aviões em operação, e as aeronaves já foram testadas em combate no Afeganistão pelo governo francês e pela Otan.

Um dos projetos de cooperação entre a Rafale International e o Brasil, caso o programa FX-2 seja fechado com a França, é a fabricação de veículos não tripulados abastecidos com biocombustíveis.
 
Os veículos seriam fabricados com tecnologia da Snecma, do grupo Safran.

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