Presidente evita falar sobre escolha de caças

Jornal do Commércio
 
ESTOCOLMO – No mesmo dia em que o Brasil fechou uma parceria estratégica com a Suécia, incluindo entendimentos no setor de defesa, o presidente Luiz Inácio Lula evitou comentar o lóbi do governo local para a compra de 36 caças pela Força Aérea Brasileira (FAB) à empresa sueca Saab. De acordo com Lula, a escolha da empresa que vai fornecer os aviões militares será feita sem pressa e levará em consideração os interesses nacionais, como a defesa da Amazônia e do pré-sal.

"Temos três propostas. Não conversei com o premiê (sueco Fredrik Reinfelt), mas recebi dele uma carta. Não conheço oficialmente a proposta da Saab", afirmou, em entrevista coletiva após a Cúpula Brasil-União Europeia. "Só tenho conhecimento da proposta francesa, por causa da visita do (presidente francês Nicolas) Sarkozy", continuou o presidente, referindo-se à presença do francês na parada militar de 7 de setembro, em Brasília, quando o brasileiro afirmou que o País compraria caças Rafale, produzidos pela empresa Dassault. Ainda disputam a concorrência pública os americanos da Boeing.

Lula revelou que deverá receber em breve uma análise detalhada de cada proposta feita pelo Ministério da Defesa. "Vamos ver o que acontece. Precisamos tomar conta do pré-sal e da Amazônia.

Temos 15 mil quilômetros de fronteira seca e mais de 8 mil de litoral", pontuou.

O presidente deixou claro que não tem pressa para encerrar o processo. "Vamos fazer a coisa certa. Mas está cheio de pirata por aí, na Somália mesmo ontem (anteontem) sequestraram um navio.

Daqui a pouco aparece um pirata para pegar o pré-sal", brincou.

Durante o encontro entre empresários suecos e brasileiros, o presidente da Saab, Ake Svensson, estava na plateia, mas não se reuniu com Lula, que só chegou por volta das 15h para o encerramento do fórum. O presidente brasileiro e o premiê tiveram um encontro reservado à tarde, mas o conteúdo não foi divulgado. Fontes do governo brasileiro sugeriram que Svensson poderia tentar falar com Lula no jantar oficial oferecido pelo rei Carl Gustav e pela rainha Sílvia, no palácio real, mas a informação não se confirmou.

PARCERIA

Os governos do Brasil e da Suécia firmaram ontem um acordo nos moldes da parceria estratégica feita pelo País e pela União Europeia em 2007, durante a primeira Cúpula Brasil-UE em Lisboa. A segunda cúpula foi no Rio, no ano passado. Ontem foram fechados entendimentos em áreas como educação e pesquisa, biotecnologia e biocombustíveis, medicina, tecnologia da informação e energia. "Minha admiração pela Suécia vem desde os tempos de líder sindical. Foi uma inspiração quando eu trabalhava no chão da fábrica e continua sendo, agora que estou na Presidência do Brasil", afirmou Lula no fórum de empresários.

Depois, o presidente brincou: "Minha primeira greve foi em uma empresa sueca, a Scania. Foi por causa dessa greve que virei presidente".

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