Aernnova monta centro de desenvolvimento no Brasil

Virgínia Silveira, para o Valor, de São José dos Campos

A perspectiva de participação em projetos como o do Trem Bala e dos caças de combate da Força Aérea Brasileira (FAB), além de uma maior proximidade com seu principal cliente, a Embraer, foram decisivos para que o grupo espanhol Aernnova Engineering decidisse trazer para o Brasil uma unidade do seu centro internacional de desenvolvimento de projetos de engenharia. O objetivo da empresa, segundo o diretor presidente, Adel Ben-Smida, é transformar o centro brasileiro em uma base de desenvolvimento de tecnologia para a América Latina.

O projeto já está sendo colocado em prática com a contratação de uma equipe de 15 engenheiros e técnicos brasileiros, sendo que seis deles já receberam treinamento nos centros de engenharia da empresa na Espanha e nos Estados Unidos. "De imediato, contrataremos um total de 20 profissionais, mas a nossa matriz espanhola não impôs nenhum limite no número de empregados que serão incorporados ao novo centro, pois isso vai depender dos projetos que iremos desenvolver a partir de agora", comentou.

Segundo o executivo, o primeiro contrato da Aernnova Engenharia do Brasil foi assinado com a Avibrás Aeroespacial, mas a empresa já está trabalhando em vários outros projetos de desenvolvimento, inclusive no setor automobilístico. Os planos da Aernnova Engenharia também incluem parcerias com universidades brasileiras nas áreas de pesquisa e desenvolvimento em material composto, a especialidade do grupo espanhol. "Já fechamos uma parceria com a Universidade de Taubaté (Unitau) e estamos iniciando uma conversa com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)", explicou.

A Aernnova já opera dois centros na Espanha (Madri e Vitória), que atendem aos clientes da empresa na Europa, e um em Michigan, nos Estados Unidos, dedicado também ao mercado canadense.

O novo empreendimento foi instalado na fábrica da Aernnova do Brasil, em São José dos Campos. A unidade começou a operar em 2004, com a fabricação de partes estruturais dos jatos da Embraer. A Aernnova, antiga Gamesa, é parceira de risco da Embraer desde 1993 e participa dos programas dos jatos ERJ-145, fornecendo as asas e do 170/190, com a produção da fuselagem traseira e empenagem.

Além da Embraer, a Aernnova também tem como principais clientes as americanas Boeing e Sikorsky, a canadense Bombardier e a europeia Airbus. A empresa também atua nos segmentos de automação, transportes, naval e energia eólica. A área de engenharia da empresa é formada por cerca de 950 engenheiros, sendo que 43% são especialistas em desenho, 29% em cálculo estrutural e 18% em fabricação.

A Embraer, segundo o diretor-presidente da Aernnova, é uma das principais clientes do grupo espanhol no mundo, respondendo por cerca de 40% do seu faturamento, que em 2008 foi da ordem de € 490 milhões. "Temos grande interesse em participar do desenvolvimento de outros programas da Embraer, como o do cargueiro KC-390, e o fato de trazer nosso centro de engenharia para o Brasil é uma demonstração de que queremos estreitar nossas relações com a empresa", explicou Smida.

Segundo o executivo, a proximidade da área de desenvolvimento era uma das reivindicações da Embraer, pois facilita o trabalho da engenharia.

A participação da atividade de engenharia nas vendas da companhia, segundo relatório anual publicado pela empresa, representa mais de 25% do valor da Aernnova. As áreas de engenharia de produto e sistemas e engenharia de fabricação estão entre as principais atividades da divisão de engenharia da empresa. A Aernnova também é parceira de risco nos programas das aeronaves Airbus A380 e Airbus A350, além de participar de vários outros programas na área de defesa, como o do helicóptero Eurocopter Tigre, Casa 235 e 295 e o do caça europeu Eurofighter.

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