Gay no quartel, só em segredo

General diz que homossexual assumido não pode ficar na tropa

Bernardo Mello Franco - O Globo

Brasília. Indicado para uma cadeira no Superior Tribunal Militar (STM), o general Raymundo Nonato de Cerqueira Filho disse ontem que as Forças Armadas não devem aceitar a presença de gays e sugeriu que eles procurem outras atividades, longe dos quartéis. Ele afirmou que a tropa se recusaria a acatar ordens de um homossexual.

As declarações foram dadas na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que aprovou sua nomeação para o STM.

Referindo-se aos gays como "indivíduos desse tipo", Cerqueira Filho disse que eles não inspiram respeito dos soldados: — O indivíduo não consegue comandar.

A tropa fatalmente não vai obedecer.
 
Isso está provado. Não é que o indivíduo seja criminoso, e sim o tipo de atividade.
 
Se ele é assim, talvez haja outro ramo de atividade que ele possa desempenhar.

O oficial admitiu a existência de gays nos quartéis, mas disse que eles só devem ser aceitos se mantiverem a opção sexual em segredo: — Nós sabemos que existem, mas não sabemos quem. Se ele mantém a dignidade, honra a sua farda e não há conhecimento oficial, não vejo problema. No entanto, não é compatível um indivíduo assim com o trabalho nas Forças Armadas.

Como ministro do STM, ele atuará em casos como o dos sargentos presos em 2008 após assumirem uma relação homoafetiva.

Cerqueira Filho disse apoiar a prisão dos ex-sargentos Laci Araújo e Fernando de Figueiredo.

Na mesma sabatina, o almirante Álvaro Luiz Pinto disse tolerar a companhia de gays, mas desde que mantenham a "dignidade da farda". Pinto disse não se opor à presença de gays, mas impôs condições: — Não tenho nada contra, desde que mantenham a dignidade da farda, do cargo e do trabalho. Se ele manter (sic) sua dignidade, sem problema nenhum. Se for indigno, ferindo a ética, aí eu não seria a favor.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem