Aernnova vai à Embraer e pleitea fatia do jato KC390

Espanhola tem 40% de sua receita em vendas à brasileira

Virginia Silveira, para o Valor, de São José dos Campos

O grupo espanhol Aernnova, uma das principais companhias internacionais na fabricação de estruturas aeronáuticas, está pleiteando uma participação no programa de desenvolvimento do novo avião de transporte militar da Embraer, o KC-390. A conquista deste novo projeto, que conta com o apoio do governo do País Basco, é considerada estratégica pela empresa, para alavancar os negócios de sua filial brasileira, em meio a um período de recessão no mercado aeronáutico mundial.

No começo dessa semana, o presidente mundial da Aernnova, Iñaki López Gandásegui, esteve no Brasil e integrou a comitiva oficial do presidente do governo do País Basco, Patxi López, que visitou as instalações da Embraer, em São José dos Campos. Segundo Gandásegui, a fabricante brasileira de jatos regionais informou que a primeira fase de desenvolvimento de engenharia do KC-390 será feita internamente.

"Vamos aguardar o momento certo para fazer parte desse programa, mas temos grandes expectativas, tendo em vista o bom trabalho feito pela Aernnova no desenvolvimento das aeronaves das famílias ERJ-145 e Embraer 170/190, dos quais participamos como parceiros de risco", disse o presidente da companhia basca. Instalada em São José dos Campos, a fábrica da Aernnova começou a operar em 2004, fornecendo as asas do ERJ-145 e a fuselagem traseira e a empenagem dos jatos da família 170/190.

A Embraer é o principal cliente da Aernnova no mundo e respondeu por cerca de 40% do faturamento do grupo em 2009, de € 430 milhões. Gandásegui disse que a crise no setor aeronáutico, que vem afetando a Embraer, também teve seus reflexos na unidade fabril da Aernnova no Brasil.

"Reduzimos um pouco o nosso ritmo de atividades, proporcionalmente ao de nossos clientes, mas para 2011 as previsões indicam que o mercado deve se recuperar com força".

A perspectiva de crescimento dos projetos aeronáuticos no setor de defesa no Brasil foi um dos principais motivos que levaram a companhia espanhola a instalar no Brasil um novo centro internacional de desenvolvimento de projetos de engenharia.

A empresa já opera dois centros de engenharia na Espanha e outro em Michigan, nos Estados Unidos, e o centro brasileiro foi criado para se tornar uma base de desenvolvimento de tecnologia para a região da América Latina. A Aernnova já contratou uma equipe de engenheiros e técnicos brasileiros que estão trabalhando em vários projetos. Um deles é o desenvolvimento do projeto estrutural de um veículo aéreo não-tripulado (vant) para a Avibrás Aeroespacial.

A nova aeronave da Avibrás, batizada de Falcão, será o primeiro vant de reconhecimento tático e de vigilância totalmente nacional. Segundo o gerente do vant na Avibrás, Renato Bastos Tovar, a primeira fase do projeto foi feita em conjunto com o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e envolveu o desenvolvimento da eletrônica de bordo e software, que inclui o sistema de navegação e controle. A Avibrás conta com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que aportou R$ 19 milhões para o projeto. A contrapartida da empresa, de acordo com Tovar, foi de R$ 7 milhões. A estrutura do veículo, projetada pela Aernnova, é feita em fibra de carbono. A segunda fase do projeto, iniciada em fevereiro de 2009, envolve o desenvolvimento da plataforma aérea, onde serão integrados os sensores de missão, como os radares. "O desenvolvimento do veículo será concluído no final de 2011, mas os ensaios em voo com o protótipo serão iniciados em janeiro do ano que vem", comentou.

Além dos projetos com a Avibrás e Embraer, o grupo Aernnova também está de olho no programa de desenvolvimento dos 50 helicópteros Super Puma EC-725, que serão produzidos pela Helibrás, do grupo Eurocopter, para as Forças Armadas Brasileiras. A Aernnova, segundo seu presidente, Iñaki Gandásegui, acompanha de perto o processo de seleção dos fornecedores desse programa no Brasil.

A canadense Bombardier também é cliente da Aernnova no Brasil, que fornece projetos de engenharia para o setor ferroviário. No mundo, os principais clientes da Aeronnova são as empresas americanas Boeing e Sikorsky, e as europeias Airbus e Eurocopter. "Trabalhamos no projeto do A 350, fornecendo o estabilizador horizontal e a empenagem em fibra de carbono, um projeto de quatro anos". A Aernnova também atua nos segmentos de automação, transportes, naval e energia eólica.

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