Rainha “brasileira” leva charme ao lobby diplomático sueco

Silvia e o marido, o rei Carl Gustaf, se encontram hoje com o presidente Lula, na primeira visita oficial do casal em 25 anos

Sílvio Ribas - Brasil Econômico

Silvia Renate de Toledo Sommerlath — a elegante rainha consorte da Suécia — espera como nunca que suas raízes brasileiras ajudem a promover as relações bilaterais. Na sua primeira visita oficial ao país em 25 anos, iniciada informalmente domingo no Recife, e formalmente hoje em Brasília, ela e o marido, o rei Carl Gustaf, estão cumprindo uma ampla agenda.O pano de fundo é a briga internacional para vender aviões de combate à Força Aérea Brasileira (FAB), que temo Gripen, da sueca Saab, entre os finalistas.

O rei e a rainha, filha de mãe brasileira e pai alemão, estão acompanhados de comitiva de ministros e empresários suecos interessados em acordos comerciais, de aeronaves a etanol.Ocasal janta hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Amanhã, visitam o Congresso. Eles chegam ao Brasil em resposta ao convite de Lula, que os visitou em outubro, durante a cúpula anual Brasil-União Europeia.

O carisma e o português fluente de Silvia — nascida em Heidelberg, Alemanha, e criada na capital paulista—são recursos extras na investida final da Suécia para convencer o Planalto a escolher a Saab como parceira no contrato bilionário de venda e produção conjunta de aviões. "Tenho coração brasileiro, cabeça alemã, mas sou sueca por inteiro", costuma dizer a rainha. Conhecida pela simplicidade e pelas causas sociais, a rainha repete roupas e diz lavar louça nos fins de semana. No ano de 2000, ela escolheu o Brasil para lançar mundialmente a World Childhood Foundation, dedicada a proteger crianças e adolescentes da violência e da marginalidade.

No começo do mês, no Palácio Real de 609 aposentos em Estocolmo, a rainha "brasileira" se mostrou engajada pela escolha do Gripen. Durante reunião com jornalistas do Brasil elogiou a indústria aeronáutica dos dois países e ressaltou sua longa relação. "A indústria sueca está no Brasil há mais de 100 anos e emprega 50 mil brasileiros. Seria maravilhosa a cooperação, porque a Embraer também é excelente. Os países se conhecem muito bem", afirmou na entrevista.

Perfil

Aos 66 anos, a intérprete profissional Silvia fala sueco, alemão, francês, espanhol, português e inglês. Seu pai mudou-se para o Brasil após a Segunda Guerra Mundial, para dirigir a filial da metalúrgica Uddeholm. Morou em São Paulo dos quatro aos 13 anos. Em Munique, graduou-se em Interpretação, especializada em Língua Espanhola. Trabalhou no consulado argentino e foi chefe do cerimonial da Olimpíada de Munique (1972), quando conheceu o então príncipe Carl. Casaram-se quatro anos depois. Foi também diretora do protocolo dos Jogos de Inverno de Innsbruck (Áustria) e comissária de bordo.

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