Caças suecos com tecnologia brasileira

Cinthia Isabel - INOVABCD

A busca por novas tecnologias e o desenvolvimento das indústrias brasileiras fez com que o País recebesse da empresa sueca SAAB, em agosto do ano passado, a missão de produzir peças para o caça supersônico Gripen NG. O consórcio das empresas responsáveis, denominado T1 e liderado pela Akaer, de São José dos Campos, e do qual participam mais quatro empresas nacionais – Inbra, Winnstal, Minoica e Friuli –, desenvolve quatro projetos para a construção e produção de equipamentos para aeronave da SAAB.

Por enquanto, a demanda do Consórcio T1 é para a fabricação de peças para quatro caças. No entanto, o que mais chama a atenção das indústrias envolvidas é possibilidade do governo federal autorizar a compra de mais 36 caças Gripen NG para renovar a frota da FAB (Força Aérea Brasileira).

De acordo com o diretor executivo da Akaer, César Augusto da Silva, se o governo optar pelo caça sueco, as vantagens serão inúmeras, a começar pela criação de mais um Polo de Tecnologia Aeronáutica no País, além da capacidade da indústria nacional produzir peças que só serão encontradas no Brasil para, praticamente, qualquer outro caça supersônico.

Conforme explicou o diretor executivo da Akaer, o baixo valor de comercialização do Gripen, não é a única vantagem oferecida. A opção pelo caça sueco prevê a criação de centros de treinamentos, conversas com universidades, especialização de mão-de-obra e intercâmbio internacional. A Akaer já definiu que fará o desenvolvimento produtivo do caça na cidade de São Bernardo do Campo. O terreno, às margens do Trecho Sul do Rodoanel, já está garantido.

Silva avaliou que com a aquisição do caça sueco, será incalculável o potencial gerado nacionalmente.

“Na região de São José dos Campos, os fornecedores da indústria aeronáutica estão passando dificuldades enormes, em decorrência da crise no setor. Talvez a opção do governo pelo Gripen seja a última grande chance de muitas delas não fecharem as portas”, afirmou.

Dentro do Consórcio T1 a Akaer desenvolve as asas do caça Gripen e segmentos de fuselagem. Para Silva, a oportunidade é única de transferir a tecnologia de um caça e com ele todo um mercado em potencial. “Uma oportunidade como essa só daqui há 70 anos”.

O Consórcio T1 já abriu a possibilidade de outras empresas prestarem serviços para as indústrias envolvidas na fabricação das peças do Gripen NG. O Grupo Inbrafiltro, formado por cinco empresas, todas com sede no município de Mauá, no ABCD, é uma delas.

Em 31 de junho a companhia comemora 31 anos de existência, sendo considerada um dos grupos mais antigos voltados ao desenvolvimento e produção de material de defesa.

A Inbra Aerospace, um dos segmentos da indústria, está envolvida no Consórcio T1 e possui profissionais apoiando o desenvolvimento e produção das duas asas e das tampas do trem de pouso do Gripen.

Para o diretor presidente da Inbrafiltro, Jairo Candido, a transferência de tecnologia da aeronave sueca para o Brasil pode fazer o volume estimado de aeronaves fabricadas no País alcançar 300 unidades nos próximos 20 anos. De acordo com Candido, o Consórcio T1 produzirá US$ 7 milhões, mas este número pode aumentar muito mais com a escolha do Gripen pelo governo federal.

“Se o Brasil optar por outro caça não teremos os mesmos benefícios. O Rafale, por exemplo, é um avião pronto, sendo uma aeronave que existe há mais de 15 anos”, observou.

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