Entre os louros da farda e as águas revoltas

Atletas da Marinha, campeãs militares de vela sofrem na preparação para Londres-2012

Sanny Bertoldo - O Globo

O troféu de campeãs do Mundial Militar de Vela, elas levantam com orgulho. Devidamente fardadas, e atentas aos comandos de seus superiores, as seis velejadoras da equipe brasileira militar de vela, que representarão o país nos V Jogos Mundiais Militares, em julho do ano que vem, vivem momentos distintos em suas carreiras. Enquanto, na Marinha, conseguem bons resultados — como o primeiro lugar no Bahrein, em março —, fora dela, fazem das tripas coração para continuar velejando.

Sem patrocínio, vivendo basicamente da ajuda de custo da Marinha e do apoio da família, as atletas se viram como podem na preparação para as Olimpíadas de Londres-2012.

— A gente acaba passando muito tempo fora da água, fazendo projetos, tentando resolver as coisas, quando, na verdade, só tínhamos que estar preocupadas em velejar — diz Isabel Swan, bronze nos Jogos de Pequim na classe 470, que agora veleja com Martine Grael.

As duas, que ingressaram na Marinha em março, ainda não se formaram, já que emendaram o Mundial com os tradicionais Troféu Princesa Sofia, na Espanha, e Semana Olímpica Francesa, em Hyères. Com viagem marcada para Weymouth, na Inglaterra, no dia 18, elas devem fazer o juramento à bandeira no máximo na próxima semana.

Também formam a equipe as irmãs Fernanda e Renata Decnop, Juliana Mota e Juliana Senfft.

As quatro velejam na classe match race, que fará sua estreia em Olimpíadas nos Jogos de Londres.

— Competimos com muita pressão porque colocamos todo nosso dinheiro para ir aos eventos. É diferente da equipe que tem estrutura, que vai para a regata mais relaxada — explica Juliana Mota, que sente falta de solidariedade no esporte. — A rivalidade é uma coisa boa, mas no Brasil, acontece uma competição ruim, uma coisa de querer esconder o que sabe, quando tínhamos que nos ajudar para a vela crescer.

No total, a Marinha tem 12 atletas na equipe de vela para os Jogos Militares. Dos seis homens, três, Henrique Haddad, Mário Trindade e Pedro Caldas, formam a tripulação atual vice-campeã da Copa das Nações, uma das principais competições de match race do mundo. Apesar do 13º lugar no Bahrein, a equipe masculina acredita em resultados melhores no próximo ano.

O desafio começa logo, já que, em setembro, os velejadores 'ganharão' um HPE-25, o barco escolhido pelo Brasil para ser usado nos Jogos Mundiais — no Bahrein, eles competiram no J24. A Marinha comprou cinco deles e vai alugar outros 23 para a competição (o país-sede do evento é obrigado a oferecer o barco às equipes). Inteiramente nacionais, eles estão sendo construídos em Indaiatuba (SP).

Enquanto não chegam, no entanto, a Força Armada pretende alugar alguns para treinamento. A primeira competição a bordo de um HPE-25 deve ser a Semana de Vela de Ilhabela, em julho.

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