Rafale no Brasil: os limites da Transferência Tecnológica

Poder Aéreo

A proposta de transferência de tecnologia para o Brasil é um argumento de venda, com certeza, mas que tem seus limites. Sua magnitude continua em segredo. Provavelmente, será descartado tudo que estiver relacionado a ataques de sistemas.

A França está enfrentando uma concorrência feroz, no Brasil, para vender o Rafale, fazendo de tudo para vencer, competindo com o sueco Saab Gripen e F/A-18 Super Hornet da Boeing.

O Presidente Lula anunciou a sua decisão, em princípio, de adquirir 36 aviões de combate francês, destacando "o grau de transferência e de tecnologia", proposto por Paris. O Brasil será capaz de montar o Rafale e de vender em outros países latino-americanos.

Esta transferência de tecnologia é um argumento de peso para a exportação de armas, mas pode enfrentar sensível proteção de know-how. "A França, há muito tempo,  tem uma política de transferência, que é uma das exigências para se conquistar o mercado", declara Jean-Paul Hébert, pesquisador especializado na indústria de defesa. Essa prática permite "dar ao país cliente o direito de produzir dispositivos que possuam segredos tecnológicos".

Tranquilização da Dassault

A Dassault Aviation está preparada para atender a demanda e se respalda em "uma longa história de transferência de tecnologia e de cooperação industrial, que remonta aos anos 60 e que começou com o Mirage III. Nós nunca tivemos nenhum problema e não teremos." Este compromisso vai além do estabelecido pela Airbus e a China, onde está instalada uma linha de montagem do A320. A fabricante de aviões europeia não tem intenção de ensinar a seus parceiros como construir um avião comercial, que é uma das grandes ambições da indústria chinesa.

A magnitude das transferências propostas pela Dassault permanece secreta e obscura. "Os brasileiros pediram muito, temos de encontrar um equilíbrio" – conforme uma fonte do governo francês.

"As áreas mais sensíveis são as relacionadas aos "conhecimentos tecnológicos" do avião, como por exemplo, tudo que lhe permite realizar ataques, como: o radar, os mísseis, o visores de capacete, o sistema de mira, o sistema eletrônico de bordo", conforme disse um representante da Força Aérea Francesa." O "código fonte" do software também é crucial, porque seu conhecimento permitirá compreender como se bloqueia o seu funcionamento.

Algumas tecnologias, como armas nucleares (mísseis ou propulsão de submarinos), em todos os casos são muito estratégicas para serem reveladas e são estritamente reguladas por tratados internacionais.

Os franceses do grupo naval DCNS vão ajudar o Brasil a construir um submarino nuclear, mas um limite é claramente demarcado.

Nós não vamos ajudar o Brasil a dominar o "ciclo da cadeia nuclear", declarou um componente da DCNS.

Na França, a transferência de tecnologia é controlada pela Comissão Interministerial das Exportações de Material de Guerra (CIEMG), sob tutela do poder político que decide os casos mais importantes. Mas a política francesa é mais flexível nessa área, comparada com a dos Estados Unidos, que são preocupados em proteger suas preciosidades tecnológicas dos olhares indiscretos, mantendo a sua supremacia militar.

FONTE: Le Républicain Lorrain

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