WikiLeaks ‘Gate’ – Como o Gripen foi preterido na Noruega

A Suécia foi enganada, tanto pelos Estados Unidos como pela Noruega, sobre o real interesse em assinar um contrato de vários bilhões de coroas para que a nação vizinha comprasse o avião de caça sueco JAS Gripen.


Poder Aéreo

Citando fontes diplomáticas dos EUA recentemente revelados pelo site WikiLeaks, os relatórios divulgados pelo jornal Aftonbladet, que o suposto interesse da Noruega no Gripen foi apenas um “show”.

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JAS 39 Gripen | Reprodução

A Noruega decidiu comprar os aviões de combate fabricados nos EUA, o Joint Strike Fighter / F-35 em um negócio supostamente avaliado em 55 bilhões de coroas (7,9 bilhões dólares). Na época a escolha norueguesa a favor do vetor norte-americano ante o avião projetado pela SAAB irritou profundamente um dos altos executivos da companhia sueca.

“Estamos realmente surpresos sobre como isto foi tratado, o fato acontecido ontem e sobre a justificativa apresentada” , teria dito Jan Nygren, que serviu como vice-CEO da SAAB até dois anos antes da decisão, segundo a agência de notícias TT, à época.

“E, além disto, estamos apenas um pouco surpresos, para dizer o mínimo, que eles tão descaradamente tenham optado por criticar o Gripen, apesar do fato de que todos os envolvidos sabem que o Gripen é o melhor e mais capacitado vetor para as demandas funcionais estabelecidas na documentação fornecida no pedido de proposta (RFP)”.

De acordo com o jornal Aftonbladet, os Estados Unidos jogaram uma “chave inglesa” nos trabalhos de negociação do avião sueco no programa norueguês ao negar, ou postergar, a decisão de venda de um radar de sua fabricação. Em reunião ocorrida em 2008 entre o ministro da pasta da Defesa da Suécia, Sten Tolgfors e o embaixador americano na época, Michael Wood, Tolgfors pediu permissão para a compra de um sistema de radar AESA (Active Electronically Scanned Array) e sua incorporação aos sistemas de defesa do caça sueco.

Mas documentos divulgados agora pelo WikiLeaks, descrevem como os norte-americanos trabalharam para negar o pedido feito pelos suecos.

“Nós sugerimos adiar a decisão de autorização de venda do radar AESA até depois da decisão da Noruega”, segundo documentos diplomáticos divulgados pelo jornal Aftonbladet. O jornal escreve que a embaixada dos EUA em Oslo também solicitou a “ajuda” de Washington para que se fizesse alto nível de pressão política sobre a Noruega de modo à neutralizar a sequência de informações negativas sobre o F-35 na imprensa norueguesa.

Após estes fatos, as perspectivas para o caça norte-americano se “iluminaram”; políticos noruegueses deram sinais de confiança de que o plano americano para vencer a concorrência norueguesa daria certo. Mas os americanos tiveram o cuidado de não exigir que a compra da aeronave fosse divulgada antes, por acordo, da Noruega anunciar a sua “decisão”.

“Devemos continuar a agir como um concorrente honrado e elegante” citava um documento da embaixada americana em Oslo.

O ministro da Defesa sueco, Sten Tolgfors, se recusou a comentar os detalhes dos documentos que vazaram, dizendo que ele não tinha planos para manter contato com o governo norueguês e saber exatamente o que aconteceu com o negócio de compra dos novos caças.

“Eu não vou fazer isto pela simples razão de que quando a decisão veio à público (sobre a escolha norueguesa em prol do F-35) tínhamos amplos contatos com o governo da Noruega, bem como com os especialistas, porque precisávamos compreender a avaliação que a Noruega tinha feito. Foi importante porque nós próprios possuímos o avião e continuaremos acreditando e investindo no mesmo por muitos anos ainda”, disse Tolgfors ao The Local (TT).

Já Hakan Juholt, presidente da comissão de defesa do Riksdag (parlamento) e ex-presidente da comissão de defesa da Suécia, acredita que o governo tenha sido ingênuo.

“Eu sempre tive a suspeita de que era algo diferente do preço e do desempenho que foram decisivos para este acordo” disse ele ao TT, acrescentando que era óbvio que as questões relativas a concorrência não eram “fair play”.

“O governo sueco tem sido ingênuo”, disse ele acrescentando que o ministro da Defesa sueco errou ao esperar que uma reunião com o embaixador americano para tentar a colaboração ou contar com o “carinho” norte americano, não deve ser a tática mais coerente em uma negociação.

Fonte: The Local / Aftonbladet


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