Defesa de longo prazo

Forças Armadas entregam ao governo um plano detalhado para triplicar a capacidade militar do País em 20 anos. O custo pode chegar a R$ 60 bilhões

Claudio Dantas Sequeira - IstoÉ

No Brasil, planos de expansão e modernização das Forças Armadas costumam ser tão grandiloquentes quanto vagos. Não foi diferente há dois anos, quando o governo Lula lançou a ambiciosa Estratégia Nacional de Defesa. Tratava-se de um projeto cheio de metas ousadas, mas que não explicava como as Forças Armadas poderiam alcançá-las na prática. Agora, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, acredita que pode resolver a parada com seu chamado Plano de Articulação e Equipamento da Defesa (Paed), que entregará à presidente Dilma Rousseff até o final do mês.

O documento propõe triplicar a capacidade militar do País nos próximos 20 anos, a um custo estimado em R$ 60 bilhões. Além de comprar mais equipamentos e veículos, Jobim diz que pretende elevar o nível tecnológico das operações militares ao “estado da arte”. Assim, acredita que o Brasil teria condições de proteger seus recursos naturais, como o pré-sal, e assumir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. “Não há como agir em crises internacionais sem ter poder militar”, avalia o ministro.


Entre as medidas previstas está a criação de um sistema de controle espacial, a compra de dezenas de veículos aéreos não tripulados (Vant), além de fragatas e tanques de guerra. Esses equipamentos seriam posicionados em áreas estratégicas do País com a criação de novas bases militares conjuntas do Exército, da Marinha e da Força Aérea.


O plano, que está na mesa de Jobim, sugere ainda a aprovação de uma legislação especial para garantir os investimentos da Defesa. “A ideia é ter uma lei que torne o investimento no setor insuscetível de contingenciamento”, disse ele à ISTOÉ. Também será proposta a ampliação dos contingentes militares para cerca de 400 mil – hoje são 288 mil – e mudanças na carreira militar, com novas regras de promoção e reforma da previdência da área.
 
Para a Marinha, os principais investimentos se destinam à criação de uma segunda esquadra, além de uma rede de satélites-radares e de torres de controle para proteger as plataformas de petróleo e rotas marítimas. Esta rede seria conectada a uma outra, do Exército: o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfrom), também composto por satélites e radares.

Para aumentar a presença física na Amazônia, o Exército quer aumentar de 21 para 49 os Pelotões Especiais de Fronteira. A Aeronáutica, por sua vez, deseja um novo Sistema de Controle do Espaço Aéreo que, segundo Jobim, “não será mais desmilitarizado”.

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