Marinha abre inquérito

A força calcula que a mancha atinja 70 quilômetros quadrados da Bacia de Santos (SP). Petrobras terá que se explicar à ANP em cinco dias

Correio Braziliense

Um dia após o vazamento de óleo em uma plataforma da Petrobras na região do pré-sal da Bacia de Santos, em São Paulo, técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobrevoaram ontem o local afetado. Segundo avaliação do órgão, a mancha de petróleo é pouco espessa e apresenta vestígios dispersos. No mesmo dia, a Capitania dos Portos do Rio de Janeiro, órgão vinculado à Marinha, instaurou inquérito administrativo para apurar as causas do acidente. Eles calculam que a mancha tenha se espalhado por uma área de 70 quilômetros quadrados.

De acordo com uma nota divulgada pela Marinha, uma equipe foi enviada ao local para “verificar as ações de resposta (ao vazamento), observar a extensão da mancha e realizar a filmagem e o registro fotográfico do local”. A previsão para conclusão da investigação é de 90 dias. Já a apuração da Agência Nacional de Petróleo (ANP) aponta que não há indicativo de que o óleo possa atingir a costa, e, segundo o órgão regulador, as ações para conter a mancha estão em andamento. O Ibama reforça que, dada a distância da costa e as condições oceanográficas do local, o óleo não deve chegar ao litoral.

A 11 dias de deixar a presidência da petroleira, José Sérgio Gabrielli afirmou ontem que o vazamento está contido e minimizou os efeitos ambientais do acidente. “Primeiro que não houve um vazamento do poço, houve uma ruptura da tubulação que liga o poço à superfície. Isso não tem nada a ver com o pré-sal. O pré-sal é o que está abaixo do fundo do mar — e o que está lá está absolutamente sob controle. O que está entre o fundo do mar e a superfície, um tubo, foi que se rompeu, por razões físicas que estão sendo investigadas.”

De acordo com informações da Petrobras, 160 barris — o equivalente a 25,5 mil litros — escaparam da tubulação no Campo Carioca Nordeste, a cerca de 250km da costa, na altura de Ilhabela.

O acidente aconteceu quando uma coluna de produção, instrumento usado para transportar o óleo explorado do fundo das rochas até o navio, se rompeu. Segundo a companhia, assim que eles verificaram o rompimento, o poço foi fechado e todos os procedimentos de contingência estão sendo tomados. Ontem, três embarcações recolhedoras de óleo percorreram o local e retiraram 15 metros cúbicos de água oleosa.

Relatório

Depois de monitorar o local, o Ibama participou da reunião do Grupo de Acompanhamento, instituído pela Marinha, com representantes da ANP. O órgão ambiental notificou a Petrobras a apresentar dentro de cinco dias um relatório em resposta ao vazamento, incluindo um detalhamento do plano de contingência exigido pelas normas ambientais. Caso contrário, a petroleira receberá sanções.

Quem também está cobrando explicações é o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP), que pretende convocar os presidentes da Petrobras e da ANP para dar esclarecimentos à Câmara sobre o vazamento de petróleo em área do pré-sal. Ele deve protocolar um requerimento de audiência pública na próxima semana. “Sabemos da complexidade e dos cuidados que devem ser adotados na exploração do petróleo na camada do pré-sal, e um fato como esse só aumenta a preocupação em relação a esse tipo de operação", disse Jardim, que é membro da Comissão de Minas e Energia da Câmara.

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