Porta-aviões vira dor de cabeça da Marinha

Construído na década de 1960, o porta-aviões São Paulo, adquirido da França em 2000, apresenta frequentes defeitos, pondo em risco a vida da tripulação de 2.450 militares

Jornal do Commércio

RIO – Maior navio de guerra do hemisfério Sul, o porta-aviões São Paulo virou um problema para a Marinha brasileira, que o comprou da França em 2000. Construído na década de 1960, o navio foi adquirido por US$ 12 milhões. Um porta-aviões novo custaria cerca de US$ 1 bilhão.

A Marinha tem dificuldades com a manutenção dos propulsores a vapor, usados para fazer o porta-aviões se mover, e com a rede elétrica. Faltam ainda peças de reposição e mão de obra capacitada para realizar consertos.

Esses são apenas alguns dos fatores que colocam em risco a vida da tripulação, de cerca de 2.450 militares. Em sete anos, quatro tripulantes morreram e 13 ficaram feridos em acidentes no portaaviões.

Houve pelo menos seis grandes incêndios.

No mais recente, em 21 de fevereiro, morreu o marinheiro Carlos Alexandre Oliveira, 19 anos.

Por causa desse último incidente, a embarcação está parada no 1º Distrito Naval, no Rio, há 15 dias.

Todos os seus 1.800 compartimentos serão fiscalizados, o que deve demorar dez dias, contados da data de início.

A Marinha tenta amenizar a questão. “Um navio de guerra com propulsão a vapor necessita de ajustes. Os cuidados adotados durante a sua utilização e os investimentos garantem que sua operacionalidade seja mantida”, explica a nota assinada pelo contra-almirante Paulo Alves, da assessoria de imprensa da Marinha.

Hoje existem no mundo 22 porta-aviões em atividade. Eles pertencem às esquadras de nove países. Destes, 11 fazem parte da Marinha dos Estados Unidos.

Especialistas concordam que ao manter o São Paulo, o governo brasileiro procura demonstrar poderio militar. Ainda mais quando se pensa na defesa do petróleo do pré-sal e da chamada Amazônia Azul, área de segurança nacional.

Todos, porém, fazem coro de que a falta de investimentos vem custando vidas. “Investimos pouco e mal, por isso precisamos gastar o tempo todo. O ideal é que fabricássemos nossas peças e diminuíssemos nossa dependência”, diz Eduardo Brick, engenheiro e ex-capitão da Marinha. “Quando há avaria é preciso comprar peças na França.”

Há outros problemas. O esgoto produzido a bordo não é tratado. Calcula-se que 800 mil litros diários sejam jogados no mar sem tratamento. Em nota, a Marinha confirma que o sistema de tratamento de esgoto do porta-aviões só será instalado em 2014.

“O porta-aviões anda e para. A equipe interna precisa estar bem treinada para coordenar esses movimentos, que aumentam as chances de um acidente numa embarcação com a idade que ela tem”, avalia o consultor Rômulo Federici.

Ele lembra que, quando adquirida da França, a embarcação chegou com o eixo empenado. “Nas manobras, o navio vibrava. Com o tempo piorou”, lembra. Esse foi o motivo da primeira reforma, em 2005. Mas após cinco anos de idas e vindas a estaleiros, o problema não foi solucionado.

1 Comentários

  1. Afunda essa porcaria, para virar pesqueiro, pelo menos nós militares teremos um peixinho para complementar as refeições, que a situação está braba.

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