Britânicos aumentam presença armada no Golfo e tensão com Irã aumenta

Correio do Brasil
Por Redação, com The Independent - de Londres

O governo conservador da Grã-Bretanha elevou o número de aviões de guerra estacionados no Golfo Pérsico, nesta sexta-feira, em um aumento na pressão contra o Irã e o programa nuclear daquele país, que garante ser usado para fins pacíficos, e amplia a tensão crescente na região. A possível chegada de equipamentos como o Eurofighter Typhoons, caças com alto poder de dissuasão, segue em linha com as negociações mantidas junto aos Emirados Árabes Unidos para reforçar a presença do Reino Unido na região, em um momento em que Israel ameaça realizar ataques militares contra Teerã e grande parte do Oriente Médio vive a turbulência da Primavera Árabe e a guerra civil na Síria.

A decisão de enviar mais armas para uma região prestes a explodir foi tomada por David Cameron, depois de novas negociações com os governantes de Dubai e Abu Dhabi. Um anúncio dessas medidas é aguardado para as próximas horas, segundo publicou em sua edição desta sexta-feira o diário londrino The Independent. O envio dos aviões britânicos alimenta o sentimento de insegurança dos iranianos, apesar das garantias de que o assunto não está ligado diretamente a eles. O secretário de Defesa, Philip Hammond disse, na noite passada, que os países europeus devem estar preparados para “assumir um papel maior em relação ao Norte da África e no Oriente Médio”.

Ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, que está em Londres no momento, conversando exatamente sobre a crise com o Irã junto ao governo britânico, disse estar “plenamente consciente” e apoia o envio de mais aviões de guerra para a região. O governo britânico, no entanto, ainda mantém cautela sobre o assunto e exortou os israelenses à moderação quanto ao Irã, destacando que as sanções estão tendo um efeito devastador sobre a economia iraniana, que supostamente tornam o governo de Mahmoud Ahmadinejad cada vez mais impopular e cria atritos na hierarquia dominante .

No entanto, ao mesmo tempo, os comandantes militares do Reino Unido estudam a possibilidade de enviar jatos britânicos para uma base em Abu Dhabi, hoje utilizada por forças norte-americanas e francesas, para o caso dos iranianos bloquearem o Estreito de Ormuz, a via navegável através da qual passam 40% de todo o suprimento mundial de petróleo.

Em nota, liberada nesta sexta-feira, o Ministério da Defesa diz que “o Reino Unido regularmente envia o Typhoon para os Emirados Árabes Unidos como parte de nosso programa de exercício físico regular junto aos nossos militares, para demonstrar o compromisso (dos britânicos) com Emirados Árabes Unidos e com a segurança de toda a região. Temos um interesse mútuo com nossos GCC (do Golfo), como parceiros para garantir a paz e a estabilidade na região. Exercícios como este nos permitem praticar, trabalhando juntos”. O Ministério da Defesa acrescentou que este aumento na força estacionada não é “devido a nossas preocupações sobre o programa nuclear iraniano”. No comunicado, o governo britânico “deixa claro que não acredita que uma ação militar contra o Irã é o curso correto da ação, neste momento, embora nenhuma opção esteja fora da mesa”.

O Independente, no entanto, diz na matéria que altas fontes militares e diplomáticas apontam a base aérea de Al Dhafra, a 20 quilômetros ao sul de Abu Dhabi, como uma possível estação para os Typhoons. O local está em uso por Mirages franceses, que são caças-bombardeiros, bem como pela Air Wing 380 Expedicionária dos jatos da Força Aérea dos EUA, municiada com os mísseis Patriot e baterias antiaéreas bem localizados para qualquer operações no Golfo.

Teerã tem criticado a presença norte-americana e francesa no Golfo dizendo que se trata de uma tentativa de intimidar e que não representava uma ameaça a seus interesses nacionais. O presidente norte-americano, Barak Obama, disse em Londres esta semana que o Irã parece recuado no prosseguimento a pleno vapor na tentativa de produção de armas nucleares. Mas reiterou a determinação de Israel de realizar um ataque militar, sem aviso prévio, se considerar que esta medida seria necessária. Ele encontrou altos comandantes militares britânicos, bem como ministros ligados à Segurança, durante sua estada na capital.

Um oficial britânico disse:

– Nós não pensamos que haja qualquer necessidade de ação militar no momento. Mas estamos considerando todas as eventualidades e onde o Reino Unido deve se posicionar. A decisão sobre o envio de caças será feita no interesse mútuo e interdependência crescente entre o Reino Unido e os Emirados Árabes Unidos no longo prazo – concluiu.

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