Submarino brasileiro servirá de vitrine para franceses

Consórcio da estatal DCNS com a Odebrecht prevê a construção de cinco unidades para a Marinha brasileira

Gabriela Murno - Brasil Econômico


Depois da entrada no consórcio com a brasileira Odebrecht para construção de cinco submarinos, sendo um deles nuclear, para a Marinha do Brasil, a francesa DCNS já pensa em novos projetos e até na expansão de seus negócios para outros países. “Além de ser uma forma de nos aproximarmos do Brasil, temos interesse de a partir daqui chegar a outras nações. Ou seja, usar a referência do projeto brasileiro para exportação dos nossos produtos”, conta Eric Berthelot, diretorpresidente da francesa no Brasil.


De acordo com o executivo, a empresa atua em três países, além do Brasil: Chile, Malásia e Índia. “É claro que podemos participar de outros projetos brasileiros”, afirma. “O Brasil precisa renovar parte de sua frota e sua esquadra, seja navio-escolta, navio-patrulha, navio de apoio-logístico, ou navio aeródromo. Então, como fazem parte do nosso portfólio, podemos trabalhar bem juntos, temos interesse”, completa Berthelot.


A participação no Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos) é o maior contrato militar já firmado pela França. Orçado em mais de € 6 bilhões, em 15 anos, o programa inclui ainda a construção de um estaleiro — onde os cinco submarinos serão confeccionados — e uma Base Naval, pela Odebrecht.


A aproximação da França com o Brasil é importante no momento em que o governo federal decide se comprará o caça Rafale, para modernizar a sua Força Aérea. “Cada projeto é diferente. O que pode ser pode ser usado como exemplo é maneira adotada para a transferência de tecnologia, que para nós é um compromisso”, afirma. “É uma demonstração de que uma empresa francesa pode fazer em um grande projeto em parceria com o Brasil”, diz Berthelot.


Segundo ele, para ter sucesso na transferência de tecnologia, é preciso ir além da documentação. “Nós acompanhamos todo o processo, desde a seleção do pessoal, até o treinamento e a aplicação do que foi ensinado. Então, há a presença do corpo técnico da DCNS até a entrega dos submarinos”, completa.


A DCNS, que tem o governo francês como seu principal acionista, com 65% de seu capital, é especializada em construção naval-militar. Ela foi escolhida pelo Brasil, porque a França foi o único país que demonstrou interesse em transferir sua tecnologia. “O primeiro ponto era termos um país que construísse os dois tipos de submarino: convencional e nuclear, então, ficamos apenas com França e Rússia. Mas os russos não quiseram transferir a sua tecnologia”, explica Alan Paes Leme Arthou, contraalmirante e gerente da construção do Estaleiro e da Base Naval.


Primeira entrega em 2015
 

Em 2015, será lançado ao mar o primeiro dos cinco submarinos feitos pela francesa DCNS, em parceria com a multinacional brasileira Odebrecht, para a Marinha do Brasil. São quatro navios convencionais, movidos a diesel, e um quinto por propulsão nuclear, que será entregue em 2022.

Fazem ainda parte do Prosub — Programa de Desenvolvimento de Submarinos — a construção de um estaleiro, uma Base Naval e uma Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), pela Odebrecht. O custo total é de mais de € 6 bilhões.

Segundo o contra-almirante e gerente da construção do Estaleiro e da Base Naval, Alan Paes Leme Arthou, o objetivo do programa é proteger a costa brasileira. “Através dela é realizado 95% do comércio exterior nacional. Nela está 88% de toda produção de petróleo do país”. O local escolhido para o empreendimento foi o município de Itaguaí, na região metropolitana do Rio de Janeiro. “A cidade é localizada no centro geométrico das áreas de produção de petróleo”, diz Arthou.

Como o submarino nuclear cobre uma área geográfica maior, ele é essencial para proteger as reservas do pré-sal.


Do total, mais de R$ 908 milhões serão destinados à transferência de tecnologia, que desenvolve a indústria naval nacional, pois o Brasil se capacita para construir os submarinos. “O único porém da França foi sobre a parte nuclear, que está sendo desenvolvida pela Marinha brasileira”.


O objetivo é que o Brasil tenha, no futuro, quatro submarinos nucleares e seis convencionais.


Arthou esclarece que o projeto da área Sul do Estaleiro teve que ser revisto, pois a execução completa estouraria a verba.


Com isso, apenas o submarino nuclear ficará baseado em Itaguaí. “Foi retirada toda base de apoio aos submarinos convencionais, que ficarão na Base de Comando e Operação, no Rio de Janeiro. Porém, a manutenção de todos será feita em Itaguaí”, finaliza Arthou, acrescentando que a modificação do projeto foi feita de forma a permitir expansão. ? G.M.


ALAN ARTHOU
Contra-almirante e gerente de construção do Estaleiro

 

“O primeiro ponto era termos um país que construísse os dois tipos de submarinos: convencional e nuclear, então ficamos apenas com a França e a Rússia. Mas os russos não quiseram transferir sua tecnologia e os franceses demonstraram interesse. O submarino nuclear é essencial para proteger as reservas do pré-sal."

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