Brasileiro que preside comissão na ONU nega evidências do uso de armas químicas na Síria

Do UOL, em São Paulo

O presidente da Comissão de Investigação da ONU sobre a Síria, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, negou nesta segunda-feira (6) que haja "evidências conclusivas" de que alguma das partes em conflito no país usou armas químicas.

"A Comissão deseja esclarecer que não encontrou evidências conclusivas do uso de armas químicas na Síria por alguma das partes em conflito. Portanto, a Comissão não pode fazer mais comentários a respeito neste momento", assinala o presidente em comunicado.

Mais cedo, nesta segunda, a promotora suíça Carla del Ponte, membro da Comissão, sustentou a um veículo de comunicação que o órgão recolhera informações apontando que grupos rebeldes podem ter usado armas químicas no conflito sírio.

"Dispomos de testemunhos sobre a utilização de armas químicas, em particular, gás sarin. Não por parte do governo, mas dos opositores", disse Carla.

A suíça indicou que a Comissão ainda tem muito a investigar sobre o suposto uso de gás sarin e evitou dar mais detalhes sobre as informações recolhidas até o momento.

"Existem suspeitas fortes e concretas, mas ainda não há provas incontestáveis", explicou.

O sarin é um potente gás neurotóxico descoberto na Alemanha antes da Segunda Guerra Mundial e que foi utilizado em um ataque no metrô de Tóquio em 1995. A substância é inodora e invisível, e é considerada como uma arma de destruição em massa desde 1991 pelas Nações Unidas.

Nos últimos meses, as denúncias relacionadas ao uso de armas químicas se multiplicaram, tanto por parte dos grupos opositores armados como pelo regime do presidente sírio, Bashar Assad, embora não haja provas contundentes.

Há algumas semanas, o governo sírio fez uma acusação nesse sentido e convidou a ONU a enviar uma equipe de especialistas para averiguar as denúncias, a qual ainda não teve permissão para entrar no país.

A autorização não foi concedida por que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, decidiu que esses especialistas só iriam averiguar a denúncia de Assad se também averiguassem a dos rebeldes contra seu regime e pudessem visitar diferentes pontos do país. 


Novo relatório

A comissão da ONU deve apresentar um novo relatório sobre o avanço de seu trabalho na próxima sessão do Conselho de Direitos Humanos, que será realizado no próximo mês de junho em Genebra.

Tendo em vista que as autoridades sírias não permitem a entrada dos agentes da ONU no país, grande parte da investigação elaborada se baseia no trabalho realizado nos países vizinhos, incluindo a coleta de testemunhos entre refugiados, feridos, ex-soldados e rebeldes, entre outras vítimas da violência armada.

As autoridades turcas também estão investigando o uso de armas químicas na Síria e iniciaram exames de sangue nos refugiados sírios que entraram no país e que participaram nos combates para determinar se foram expostos, informou uma fonte médica turca que pediu anonimato. 


ONG denuncia ataque

Pelo menos 42 soldados sírios morreram e o destino de outros cem ainda é desconhecido após o ataque israelense lançado na madrugada de domingo (5) contra três posições militares ao norte da capital síria Damasco, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

"Segundo um novo balanço, ao menos 42 soldados morreram, e se desconhece o destino de outros cem depois do ataque israelense", declarou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Anteriormente, a mesma ONG afirmou que ao menos 15 soldados haviam morrido no ataque. (Com Efe e AFP)

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