EUA dizem ter prova de uso de arsenal químico na Síria e armarão rebeldes

Os Estados Unidos anunciaram ontem ter provas do uso de agentes químicos pelo governo de Bashar Assad contra a oposição síria várias vezes ao longo de 2012 e determinaram o envio de armas para grupos rebeldes moderados. A adoção de uma zona de exclusão aérea sobre a Síria pedida pelos rebeldes sírios, está entre as opções, mas nenhuma decisão sobre o tema foi adotada. 


Denise Chrispim Marín | O Estado de Sãp Paulo

A Casa Branca informou que os ataques com armas químicas, incluindo o gás sarin, provocaram a morte de 100 a 150 pessoas no país. 

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MIM-104 Patriot | Reprodução

O anúncio ocorre no momento em que Obama se vê pressionado pela denúncia de que seu governo vem espionando sistematicamente chamadas telefônicas, contas de e-mail e registros em redes sociais. Nesta semana, a Casa Branca tentou desviar a atenção pública com sua polêmica permissão para que mulheres comprem a pílula do dia seguinte, independentemente de sua idade. Mas denúncias sobre a invasão de hackers do governo americano a computadores da China provocaram nova frente de desgate.

"O presidente (Barack Obama) tinha deixado claro que o uso de armas químicas ou a transferência de armas químicas para grupos terroristas - era uma linha vermelha para os Estados Unidos (agirem de forma mais enérgica). Nossa comunidade de inteligência agora tem uma avaliação confiável de que as armas químicas têm sido usadas em escalapequena pelo regime de Assad" na Síria", informou o texto de declaração oficial do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. "Nós estamos preparados para todas as contingências e vamos tomar as decisões de acordo com os nossos próprios cronogramas."

Segundo Ben Rhodes, membro do Conselho, os Estados Unidos vão prover "apoio direto, incluindo o militar", para o Conselho Militar Sírio, como é conhecido o comando da oposição.

A provisão de armas e munições dos rebeldes tornou-se escassa. O arsenal começou a ser suprido por armas primitivas feitas por membros da oposição com o material disponível, como em uma guerrilha.

A zona de exclusão aérea seria montada do território da Jordânia, como meio de proteger os rebeldes treinados nesse país e os refugiados sírios ali abrigados. Ela teria escala limitada e estaria a 40 km da fronteira. Os Estados Unidos já transportaram para a Jordânia baterias de defesa aérea Patriot e caças F16. A zona de exclusão aérea, segundo autoridades do governo Obama, poderia ser adotada à revelia da posição do Conselho de Segurança das Nações Unidas porque não há intenção dos Estados Unidos de invadir o espaço aéreo sírio.

Os mísseis ar-ar americanos seriam suficientes para destruir aeronaves sírias que vierem a decolar. Navios de guerra americanos no Mediterrâneo dariam o apoio complementar.

Em abril, enquanto a Grã-Bretanha, França e Turquia diziam ter provas de uso de armas químicas pelo governo de Assad contra os sírios Obama anunciou haver apenas "indícios, com diferentes graus de confiança".

A declaração de ontem tem como base "a alta confiança da comunidade de inteligência americana" de que os ataque aconteceram, segundo a declaração. Tanto quanto o cenário na Síria e no Oriente Médio, novas pressões no interior dos EUA podem ter estimulado a Casa Branca tomar as decisões de ontem.

No dia 11, em Nova York, o ex-presidente americano Bill Clinton apoiou uma forte intervenção americana na Síria e alinhou-se, dessa forma, ao senador republicano John McCain, candidato derrotado por Obama em 2008.

"Algumas vezes, é melhor ser pego tentando, desde que você não se comprometa demais. Algumas pessoas dizem: "você não vê que enorme bagunça é isso? Fique fora!". Eu acho que isso é um grande erro. Eu concordo com você sobre isso", disse Clinton, apontando para McCain, na platéia.

No Oriente Médio, a Arábia Saudita e a Jordânia declinaram recentemente a contribuição americana em cursos de treinamento de rebeldes sírios, em sinal de insatisfação com a recusa dos EUA de enviar armas.

Os Emirados Árabes também anunciaram que não vão participar da conferência dos países aliados sobre a Síria, prevista para daqui a algumas semanas, como resposta à ausência de Obama nesse encontro, Até mesmo na Síria, as forças governamentais têm lutado com o reforço de militantes do Hezbollah, e ambos estão próximos de fechar um cerco em torno de Alepo, um dos redutos da oposição.

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