Santos reage a ataque e ameaça guerrilha

Em visita à região onde as Farc mataram 15 militares numa emboscada, presidente promete retaliação a ofensivas e pede a manutenção do processo de paz 

Correio Braziliense

Na reta final de um acordo de paz entre o governo e a guerrilha marxista Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), uma emboscada matou, anteontem, 15 militares, no interior do país.

O presidente Juan Manuel Santos estava na região dos ataques para a reunião de um conselho de segurança e pediu que o processo de paz não seja interrompido. Ele prometeu responder a qualquer ofensiva do grupo, dizendo que os guerrilheiros são "os que mais sofrerão as consequências", caso a violência se estenda.

De acordo com Santos, cerca de 70 integrantes das Farc atacaram militares que faziam a segurança das obras de construção de um oleoduto, em uma estrada entre os municípios de Tame e Fortul, no departamento (estado) de Arauca. O local fica próximo à fronteira com a Venezuela, em uma próspera região petrolífera e dependente da agropecuária. De acordo com testemunhas, os guerrilheiros usaram explosivos e armas de longo alcance, matando 15 homens do governo. Após o incidente, 12 guerrilheiros foram presos — cinco dos quais estão feridos.

Em outro combate, quatro soldados e seis membros da guerrilha morreram, segundo informações do exército. O ataque também aconteceu anteontem, no departamento de Caquetá, no sul do país. Em tom ameaçador, Santos deixou claro que não aceitará ameaças do grupo. "Esses ataques não são o caminho. Serão enfrentados com contundência", avisou. "Sei que, para o povo colombiano, às vezes é confuso: como assim, falamos e paz e estão disparando? Essas são as condições: dei instruções a nossas forças para que não deixem de disparar um só instante, até o fim do conflito", acrescentou o presidente, que desde 2012 dialoga com líderes das Farc em busca de um cessar-fogo bilateral.

Recompensa

O governador de Arauca, Facundo Castillo, ofereceu uma recompensa de 10 milhões de pesos colombianos (cerca de R$ 12 mil) a quem der informações sobre os responsáveis pela emboscada na região. "Que os araucanos fiquem tranquilos, porque as Farc são hoje 50% do que eram há um ano e meio. Que fiquem tranquilos, porque vamos seguir com grande empenho, e que saibam que tudo o que os terroristas ganham com essas ações covardes é a vinda de mais tropas", disse o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón.

Em maio, outra emboscada das Farc, no departamento Norte de Santander, provocou a morte de 11 militares. Na última sexta-feira, líderes da guerrilha anunciaram que mantêm um militar norteamericano aposentado como refém há cerca de um mês. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha informou que começou a estabelecer contatos para negociar a liberdade do estrangeiro.

Delegações de paz devem voltar a se encontrar em Havana, na próxima segunda-feira. Essa é a quarta vez, em 30 anos, que representantes do governo e líderes da facção buscam um acordo para pôr fim ao conflito. Fundada em 1964, as Farc são a guerrilha mais antiga do continente. Mais de 4 milhões de pessoas foram desalojadas devido ao confronto com forças do Estado e 600 mil morreram.


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